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Doente oncológica interrompe tratamento e hospital admite `stock´ limitado do fármaco

Lusa 16 de julho de 2025 às 13:42

"O problema não é só meu e há mais pessoas nessa situação", salientou a utente, que foi informada que só voltaria a ter acesso ao medicamento na farmácia do hospital -- comprimidos de toma diária -- "dentro de uma a duas semanas".

Uma doente oncológica teve de interromper nos últimos dias um tratamento hormonal por não lhe ter sido disponibilizado o medicamento pela Unidade Local de Saúde São José, em Lisboa, que admite ter um `stock´ limitado neste momento.

Em causa está o fármaco Exemestano, utilizado em tratamentos hormonais que se prolongam por vários anos para evitar recidivas do cancro da mama e que, segundo adiantou a doente à Lusa, não foi possível levantar na farmácia do Hospital Curry Cabral, como habitualmente, devido a uma "rutura de `stock´".

Questionada pela Lusa, a Unidade Local de Saúde São José (ULSSJ), que integra o Curry Cabral, rejeitou que o medicamento se encontre em rutura, embora reconhecendo que verifica, neste momento, um "`stock´ limitado".

De acordo com a utente, que pediu para não ser identificada, depois de ter sido diagnosticada com cancro da mama, iniciou o tratamento hormonal e, nos últimos três anos, sempre teve acesso ao Exemestano disponibilizado pela farmácia hospitalar.

"O problema não é só meu e há mais pessoas nessa situação", salientou a utente, que foi informada que só voltaria a ter acesso ao medicamento na farmácia do hospital -- comprimidos de toma diária -- "dentro de uma a duas semanas".

"Vamos ficar entre uma a duas semanas sem fazer a medicação diária para prevenir uma recidiva", lamentou a doente, para quem está em causa uma "medicação hormonal, o que implica uma grande alteração fisiológica e psicológica com bastante impacto na qualidade de vida".

Adiantou ainda que já apresentou uma reclamação e que a ULSSJ não lhe apresentou uma alternativa terapêutica, que pudesse evitar a interrupção do tratamento que tem de fazer diariamente.

"Eu senti-me desamparada, porque, de repente, o Serviço Nacional de Saúde está a virar-nos as costas", lamentou ainda a doente oncológica.

A unidade local de saúde garantiu que o medicamento em causa continua a ser disponibilizado aos doentes oncológicos, "eventualmente em quantitativo inferior ao habitual", tendo em conta a limitação de `stock´ existente.

"A ULS São José já reforçou junto do laboratório fornecedor a necessidade de entrega do fármaco, aguardando que a mesma se concretize nos próximos dias", referiu ainda a mesma fonte.

Contactada pela Lusa, no sentido de apurar se as limitações de `stock´ também se verificam em outras unidades de saúde, a Autoridade Nacional do Medicamento (Infarmed) adiantou que "não existe rutura" do fármaco e que não tem "reporte de constrangimentos da parte dos hospitais".

O medicamento está indicado para o tratamento do cancro da mama precoce dependente de hormonas em mulheres na pós-menopausa.

Este tipo de medicamentos interfere com uma substância chamada aromatase, que é necessária para produzir as hormonas sexuais femininas, os estrogénios. A diminuição dos níveis de estrogénios no organismo é uma forma de tratar o cancro da mama dependente de hormonas.

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