Secções
Entrar

Covid-19 só explica metade das mortes em excesso em outubro

13 de novembro de 2020 às 11:42

Dados do INE indicam que o novo coronavírus representa 46,5% do acréscimo de óbitos relativamente à média dos últimos cinco anos. Mas ficam por explicar as outras 600 mortes em excesso no último mês.

A covid-19 justifica menos de metade das mortes em excesso do último mês face à média dos últimos cinco anos, revelou hoje o Instituto Nacional de Estatística (INE) na sua mais recente análise da mortalidade em Portugal.

Os dados preliminares revelados hoje indicam que "46,5% do acréscimo de óbitos entre 05 de outubro e 01 de novembro relativamente à média dos últimos cinco anos deveu-se a óbitos por covid-19": das 1.132 mortes acima da média que se verificaram nesse período, 526 foram atribuídas a covid-19.

A doença provocada pelo novo coronavírus provocou menos de um terço (29,3%) das 8.686 mortes a mais face à média dos últimos cinco anos registadas entre 02 de março e 01 de novembro.

Nesse período, a partir da altura em que foram diagnosticados os primeiros casos de infeção pelo novo coronavírus, morreram em Portugal 77.249 pessoas, refere o INE, apontando que "uma das consequências mais dramáticas dos efeitos da pandemia covid-19 diz respeito ao aumento do número total de óbitos".

No entanto, "o acréscimo da mortalidade verificado a partir de março, relativamente à média dos últimos cinco anos, é explicado apenas em parte pelos óbitos por covid-19", salienta o instituto.

Para ter uma "medida mais abrangente do impacto na mortalidade" terá que se olhar para a "diferença entre o número de óbitos por todas as causas de morte em 2020 e a média dos últimos cinco anos, não obstante outros efeitos sobre a mortalidade, como a gripe sazonal e os picos ou ondas de calor ou frio".

O INE regista que mais de 70% das pessoas (55.024) que morreram entre março e novembro tinham 75 ou mais anos, e que desses, 60% tinham 85 ou mais (32.878).

Em comparação com a média de mortes no período homólogo de 2015-2019, "morreram mais 7.449 pessoas com 75 e mais anos, das quais 5.802 com 85 e mais anos".

Das pessoas que morreram entre março e novembro, 38.262 eram homens e 38.987 eram mulheres.

Do total de mortes, 46.125 aconteceram em hospitais (mais 2.868 que a média 2015-2019) e 31.124 em casa ou outros locais (mais 5.817).

O aumento das mortes em relação à média 2015-2019 teve um pico na semana de 06 a 12 de abril, situação que se repetiu no fim de maio. A partir daí, voltou aos valores de anos anteriores mas começou a subir novamente na segunda semana de junho até novo pico na terceira semana de julho, com mais cerca de 800 mortes do que a média 2015-2019.

"Recorde-se que o mês de julho foi extremamente quente e com várias ondas de calor", aponta o INE.

Desde 28 de setembro que o número de mortes aumentou para valores acima da média dos últimos cinco anos.

Por região, foi no norte que morreram mais pessoas (3.638) do que a média 2015-2019, seguindo-se a área metropolitana de Lisboa, com mais 2.400 mortes, o Centro (mais 1.515), Alentejop (mais 771 pessoas), Algarve (mais 323), Madeira (88) e Açores (83).

Descubra as
Edições do Dia
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui , para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana.
Boas leituras!
Artigos recomendados
As mais lidas
Exclusivo

Operação Influencer. Os segredos escondidos na pen 19

TextoCarlos Rodrigues Lima
FotosCarlos Rodrigues Lima
Portugal

Assim se fez (e desfez) o tribunal mais poderoso do País

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela
Portugal

O estranho caso da escuta, do bruxo Demba e do juiz vingativo

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela