Arecolina. O que se sabe da nova droga encontrada em Portugal?
É o quarto estimulante mais usado no mundo, bastante viciante e foi estudada para combater o Alzheimer.
O Laboratório de Polícia Científica da Polícia Judiciária (PJ) identificou pela primeira vez em Portugal arecolina, uma substância psicoativa detetada em tabaco de mascar, misturada com nicotina e mentol.
Segundo o comunicado da PJ enviado às redações, "a substância foi detetada em tabaco apreendido, na sequência do desmantelamento, pela equipa de investigação de crimes e contraordenações do destacamento da Ação Fiscal da GNR, de uma unidade clandestina de produção e embalamento em larga escala de tabaco de mascar, nos concelhos de Lisboa e de Sintra".
Segundo ositeScienceDirect, a arecolina é um alcaloide encontrado na noz de areca, o fruto da palmeira areca. A arecolina é tradicionalmente utilizada em algumas culturas asiáticas, na Índia e no leste de África, para a obtenção de efeitos estimulantes.
A ingestão de arecolina provoca o aumento da frequência cardíaca, suor excessivo e uma sensação superficial de calor, provocados pelo aumento do fluxo sanguíneo cerebral, diminuição da noradrenalina (neurotransmissor que influencia o humor e a ansiedade) e aumento da dopamina (neurotransmissor ligado à sensação de recompensa).
Esta é uma substância extremamente viciante, que atua nas mesmas proteínas receptoras do cérebro do que a nicotina, e várias investigações já confirmaram que a noz de areca é cancerígena especialmente pela presença de arecolina.
A noz de areca é ainda utilizada na medicina ayurvédica - medicina alternativa indiana - como diurético, digestivo, para resolver problemas do foro digestivo e para fortalecer o coração. Já as folhas da mesma planta são consumidas no Camboja como um chá para tratar lumbago e bronquite, e a raiz como um remédio natural contra as doenças do fígado.
Apesar de ser uma novidade no Ocidente,Roger Papke, professor de farmacologia da Faculdade de Medicina da Universidade da Flórida, EUA, refere que a arecolina é o quarto estimulante mais usado no mundo depois da cafeína, do álcool e do tabaco.
Chegaram a existir estudos preliminares, com ratos, sobre a possibilidade de utilização da arecolina como uma terapia para o Alzheimer devido à sua capacidade de atrasar as perdas cognitivas. Porém, a descoberta de propriedades cancerígenas levou à interrupção desses estudos clínicos.
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