Sábado – Pense por si

Sandra Felgueiras
Sandra Felgueiras
07 de abril de 2022 às 08:00

A justiça que tarda na Ucrânia é intolerável

O massacre de Bucha exige uma reação rápida do Tribunal Penal Internacional. Até porque não será o único, mas apenas o primeiro a que o mundo assiste em pleno século XXI. Putin tem de ser travado e Zelensky tem de ser levado a sério. É o povo dele que está a morrer aos olhos de todos. E a passividade também é um crime

Deixemo-nos de eufemismos: as imagens do massacre de Bucha são a prova inequívoca de crimes de guerra perpetrados pela Rússia que exigem um julgamento rápido no Tribunal Penal Internacional. O Kremlin poderá sempre desmentir o indesmentível, mas as valas comuns descobertas a 23 quilómetros de Kiev, repletas de corpos de civis dilacerados, alguns de mãos atadas, mas todos despejados como lixo, foram gravadas e mostradas ao mundo. E o que o mundo viu já ninguém pode apagar. O plano de Vladimir Putin passa por acabar com a Ucrânia e para tal pôs em marcha uma campanha de terror. Segundo o primeiro balanço oficial, pelo menos 410 pessoas perderam a vida durante a ocupação russa daquela cidade. O número não chega para lhe chamarmos "genocídio"? Obviamente que sim. Até porque esta foi seguramente uma das primeiras imagens de horror que vimos. Muitas outras se deverão suceder. De resto, um genocídio não se mede pela quantidade dos mortos, mas pelo que significa e está bem descrito no dicionário: "é o extermínio propositado que aniquila, mata uma comunidade, um grupo étnico ou religioso, uma cultura ou civilização". E não é isso que Putin está a fazer? De bombardeamento em bombardeamento? Perante todos estes factos, que já duram há mais de um mês, já não basta, por isso, punir a Rússia apenas com novas sanções. Apesar de Vladimir Putin ser um líder em exercício e de Joe Biden não ser propriamente a figura indicada para afirmar que tem de ser deposto, a verdade é que o Presidente dos Estados Unidos da América tem toda a razão. Vladimir Putin tem de ser travado e retirado rapidamente do poder porque o seu plano está à vista de todos: o ditador russo quer destruir os ucranianos e para sustentar a falaciosa narrativa que vende ao seu país fala em "desnazificação ou libertação da Ucrânia". Pura mentira.

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