Sábado – Pense por si

Pedro Marta Santos
Pedro Marta Santos
27 de outubro de 2020 às 07:00

O diabo do cinema português

Os signatários do manifesto contra a entrada de Belzebu nas florestas virgens do Cinema Português são os mesmos que beneficiam há décadas do apoio dos contribuintes e da dízima sobre as receitas publicitárias de TV

O cinema português (CP) é como um filme escrito por Nabokov e dirigido por Ed Wood. Enquanto escrevo, decorre na especialidade a discussão sobre a proposta de lei, baseada na directiva comunitária de 2018, que regulamentará um novo modelo de financiamento do sector. Caso seja aprovada, a lei multiplicará as fontes desse financiamento, transferindo a decisão sobre uma fatia suplementar de verbas para as produtoras independentes que as aplicam e para as plataformas de conteúdos em streaming (Netflix, HBO) que ficam obrigadas a investi-las, mantendo-se a presente natureza e volume do apoio financeiro público nas mãos do Instituto do Cinema e Audiovisual (através do perene sistema de concursos) e reforçando-se as verbas destinadas a este organismo (ao forçar a cobrança de publicidade de serviços de partilha de vídeo como o YouTube). O bom senso ditaria um (cauteloso) veredicto: excelente notícia. Mas trata-se do CP. Logo, é o horror.

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