Sábado – Pense por si

Pedro Marta Santos
Pedro Marta Santos
28 de agosto de 2018 às 09:00

A Madeleine de Leone

Os gangsters do filme de Sergio Leone são zés-ninguém, e o seu destino está marcado: permanecerão párias, marginais, fantasmas sem acesso ao mundo que tanto desejavam.

Era uma vez na américa nunca poderia ter sido concebido por um americano: é demasiado lúgubre. Em O Padrinho de Coppola, permeando a tragédia grega, sobra o sentido de glamour, como se os mafiosos da trilogia colocassem a melhor brilhantina, usassem os melhores fatos e conquistassem as mulheres mais belas - não é por acaso que a verdadeira máfia idolatrou as fitas. Os gangsters do filme de Sergio Leone são zés-ninguém, e o seu destino está marcado: permanecerão párias, marginais, fantasmas sem acesso ao mundo que tanto desejavam. Ao longo de 226 minutos, conta-se o percurso de um grupo de putos, filhos de emigrantes judeus na Nova Iorque de inícios do século passado, através de um longo flashback. O narrador é Noodles (Robert De Niro, a carregar os erros da sua natureza como um velho arrasta a bengala), um dos miúdos que vivem no Lower East Side de Manhattan em busca do dinheiro que escapa aos pais, proletários e comerciantes, enfiados em pisos miseráveis. Há as marcas de uma elegia fúnebre, e os únicos momentos que fogem ao peso do requiem são um par de episódios da infância.

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