Num persistente exercício de sadomasoquismo (estou habituado, escrevo para ganhar a vida), passo todos os anos uns dias no Algarve em Agosto. Coloco creme com factor de protecção 270, disputo centímetros de areia com a persistência e a graciosidade de um huno, levo com a berraria de criancinhas nórdicas cuja mãe vai ressonando três imperiais emborcadas às duas da tarde no bar da praia, finjo que fui picado por um peixe aranha ao entrar na água por vergonha de ser o único a achar que o mar está um aterrador cubo de gelo, tento ler três linhas de Jonathan Franzen enquanto o DJ Ganda Cena coloca 500 moças jeitosas com piercings no QI aos pulos no mais recente sunset(como gostaria de enfiar umsunsetpelo cândido rabiote de quem inventou o acontecimento...) e regresso a casa para uma daquelas inigualáveis noites onde o vento chega para arrancar aparthotéis dos seus alicerces.

Algarve

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