Sábado – Pense por si

Leonor Caldeira
Leonor Caldeira Advogada
28 de fevereiro de 2024 às 23:00

O campeonato da vitimização

Passos Coelho não quis que os factos atrapalhassem um bom momento de vitimização com enorme potencial de mobilização de votos e decidiu, por isso, militar em defesa de um suposto “sentimento” de insegurança pela presença de migrantes, o que, trocado por miúdos, se chama xenofobia e racismo.

NOS ÚLTIMOS TEMPOS tem sido apontado o surgimento de uma cultura de “vitimização”, associada à esquerda, pelos críticos do “wokismo”. À medida que as mulheres e as várias minorias vão ganhando voz para denunciar as desigualdades que sofrem, o exercício em que alguém se apresenta publicamente como vítima tem sido incentivado e, em alguns espaços, essa qualidade pode trazer a tão desejada atenção dos pares e até popularidade em maior escala. Veja-se o caso do comediante norte-americano Hasan Minhaj, recentemente denunciado por ter contado histórias falsas sobre a sua vida pessoal, nas quais sofria discriminação por ser de ascendência indiana e muçulmano. Subitamente, ser “vítima” e ser “oprimido” é algo que pode compensar, para além da condescendente “pena”, como uma forma de ganhar credibilidade e admiração.

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