Os problemas do País, que existem, não são culpa da revolução. Eles são uma consequência da nossa incapacidade, enquanto sociedade, de fazer melhor para acabar com a pobreza, desigualdade e exclusão sociais, apesar do muito que foi feito a partir daquela primavera de 1974.
É um privilégio poder escrever este texto sem ter de utilizar subterfúgios para disfarçar mensagens subliminares ou recorrer a esquemas complexos com o objetivo de iludir os censores do lápis azul que até 1974 exerciam um juízo sobre o que podia ou não ser publicado. É um privilégio poder exercer a profissão de jornalista sem receio de ser detido por publicar uma notícia digna desse nome. É um privilégio poder escolher uma fotografia apenas e só pelo seu valor noticioso. É um privilégio poder aceder à informação ou àqueles que a detêm sem correr o risco de cair nas malhas de um sistema repressivo. É um privilégio poder escrutinar todos os poderes instalados sabendo que com isso estamos a contribuir para uma democracia mais forte e para uma sociedade mais informada. É um privilégio saber que não existem jornais, revistas, filmes ou livros que estejam vedados aos cidadãos, a não ser pela sua própria escolha. É um privilégio saber que aquilo que publicamos tem impacto e consequências, que os poderes públicos e privados são responsabilizados, que o jornalismo contribui para a mudança e o progresso sociais. É um privilégio não saber o que era não poder fazer tudo isto.
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Talvez não a 3.ª Guerra Mundial como a história nos conta, mas uma guerra diferente. Medo e destruição ainda existem, mas a mobilização total deu lugar a batalhas invisíveis: ciberataques, desinformação e controlo das redes.
Ricardo olhou para o desenho da filha. "Lara, não te sentes confusa por teres famílias diferentes?" "Não, pai. É como ter duas equipas de futebol favoritas. Posso gostar das duas."