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Não sou catastrofista ao ponto de dizer que as redes sociais são más, que a tecnologia destruiu a humanidade, ou que um telemóvel é uma doença dos anos presentes. Apenas acho que, tal como fumar, tem o seu momento e lugar para acontecer.
Aquilo que se ganhou com as redes sociais, perdeu-se nas vidas sociais. Não estou interessado em falar com quem me responde enquanto os olhos tremem nervosos numa aplicação qualquer, como cães famintos em busca de restos. Conversar olhos nos olhos, com tempo, sem medo que o silêncio leve uma mão ao telemóvel para ver o que se passa noutro lugar que não aquele, é tarefa que se tornou bela de tão rara. É uma expedição ao princípio de tudo, à procura de um tempo que não sabíamos que ia desaparecer. É difícil reclamar a atenção de alguém quando num telemóvel está o mundo todo a acontecer e a gritar por nós. Requer vontade de estar ali, no que está a acontecer, sem deixar que a ansiedade e a curiosidade nos arrastem para um ecrã. Um casal num restaurante, frente a frente, cada um a tentar estar noutro sítio, com os polegares a esfregarem um telemóvel à procura de uma coisa que não se sabe o que é; um grupo de amigos que estão juntos em casa de alguém, cada um com a cara iluminada de publicações do Instagram, a sonhar vidas de outros; pais e filhos sentados, curvados, a rezar para um ecrã táctil, a esquecerem-se de ser família. Já não chegamos para quem nos ouve, e isso não pode ser bom para ninguém. Não sou catastrofista ao ponto de dizer que as redes sociais são más, que a tecnologia destruiu a humanidade, ou que um telemóvel é uma doença dos anos presentes. Apenas acho que, tal como fumar, tem o seu momento e lugar para acontecer. Estar com alguém que tem um telemóvel em cima da mesa, é estar a lutar contra o mundo inteiro. É uma sentença adiada, como se estivéssemos a ser testados segundo a segundo, a lutar por uma audiência que a qualquer momento muda de canal, ou que nos põe em silêncio. Não há nada que possamos dizer que não esteja já num motor de busca da Internet. A não ser a capacidade de estar no presente, como se a outra pessoa fosse a única coisa que existe no mundo. É essa a prova maior do amor e da amizade: sentirmos que não há nada que possa implodir aquele acaso que nos pôs frente a frente.
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