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Tiago Silva Advogado
24.01.2025

O novo treinador do FC Porto não vai fazer milagres

O tempo que avaliará Anselmi não é o tempo dos adeptos que exigem respostas imediatas em campo e resultados desportivos à altura dos pergaminhos do FC Porto. 

1. O despedimento de Vítor Bruno após mais um mau resultado e uma nova péssima exibição era inevitável e se há algo a dizer a este respeito é que o mesmo só pecou por tardio.

Em boa verdade Vítor Bruno devia ter abandonado o FC Porto logo após a derrota vexatória no estádio da Luz dado que esse jogo colocou a nu, de forma dolorosa e evidente, todas as fragilidades colectivas que o FC Porto vinha evidenciando desde o início da época bem como a ausência de um crescimento da equipa, isto já para não falar da liderança pouco afirmativa que se sentia desde o banco e que se traduzia numa equipa perdida tacticamente em campo e sem qualquer alma ou arrojo que a levasse para outro patamar competitivo.  

Os resultados positivos no mês de Dezembro mascararam os fracos alicerces do FC Porto pois não resultaram de nenhum crescimento colectivo da equipa mas sim de o FC Porto ter enfrentado adversários medíocres no Dragão (Casa Pia, Estrela da Amadora, Midtjylland e Boavista) e contado com o aparecimento de Rodrigo Mora que, devido ao seu talento individual, ajudou a desbloquear um jogo difícil em Moreira de Cónegos e deu um brilho especial à goleada ao Boavista em casa. 

Chegou o mês de Janeiro e o FC Porto caiu com estrondo em todos os encontros, ficando de novo patentes todas as lacunas colectivas da equipa e o divórcio insanável que passou a existir entre o balneário e o treinador, com episódios lamentáveis à mistura que não abonam nada a favor de um grupo que deve ser altamente profissional e comprometido com a disciplina e os valores do clube. 

Foram, infelizmente, 6 meses perdidos em que a equipa do FC Porto não cresceu individual e colectivamente e onde todos os jogadores apresentam-se em patamares qualitativos individuais mais baixos do que quando começaram.  

Vítor Bruno foi uma escolha lógica por conhecer os cantos à casa e o futebol português, por ter sido adjunto principal de um excelente treinador e por não implicar um encargo financeiro muito elevado para as depauperadas finanças do clube mas o tempo revelou que o mesmo não estava preparado nem tinha perfil para ser líder do FC Porto. 

O seu legado não deixará saudades. 

 

2. Segue-se, ao que tudo indica, Martin Anselmi, um jovem treinador argentino de 39 anos cuja existência desconhecia até há dois dias.

Esta é uma aposta de risco que revela imensa coragem e arrojo pois estamos a falar de um treinador jovem sem qualquer experiência no futebol europeu, não havendo registo nos últimos largos anos de um técnico argentino vindo da América do Sul para a Europa que tenha sido um caso de enorme sucesso. 

Contudo, e como sempre digo, a competência não tem idade nem nacionalidade, pelo que só o tempo dissipará todas as dúvidas. 

O tempo que avaliará Anselmi não é o tempo dos adeptos que exigem respostas imediatas em campo e resultados desportivos à altura dos pergaminhos do FC Porto. 

Contudo, tenhamos todos consciência que Anselmi vem com um comboio em andamento e desgovernado, dispondo de pouco tempo para treinar e de um plantel que não foi formado por ele, pelo que ninguém pode estar à espera que ele faça milagres pois nem Mourinho os conseguiu após substituir Otávio Machado. 

O foco imediato de Anselmi deve assentar na recuperação psicológica dos jogadores do FC Porto pois só jogadores mentalmente aptos e preparados é que poderão assimilar e executar as suas ideias e, como se viu ontem, a equipa está mentalmente em cacos. 

 

3. Pepê destratou o seu superior hierárquico no FC Porto e devia ter sido imediatamente afastado do grupo até se concluir o inevitável processo disciplinar.

O FC Porto não pode ter qualquer tipo de contemplações com focos de indisciplina no balneário e tem de passar uma mensagem clara a todo o grupo que qualquer jogador sofrerá consequências pesadas se enveredar por esse tipo de comportamento inadequado. 

A convocatória de Pepê e a sua utilização no onze inicial de ontem vai contra tudo aquilo que acredito que deve ser uma gestão de um grupo que se deve pautar por princípios de rigor, profissionalismo e disciplina. 

Para além disso, e noutro âmbito, o FC Porto não pode permitir nem tolerar que haja elementos do grupo que passem para a imprensa, directamente ou por interposta pessoa, tudo o que se passa no interior do balneário. 

Depois de resolvido o problema do treinador, a Direcção do FC Porto tem de procurar estancar as fugas de informação internas que desestabilizam o clube e fragilizam a equipa e a Direção. 

Se há ervas daninhas ou maçãs podres dentro do balneário, e parece que há, a coisa mais importante a fazer a seguir a resolver a questão do treinador é cortar o mal pela raiz e afastar esses jogadores pois uma equipa nunca poderá chegar ao sucesso se estiver a ser minada por dentro. 

4. Quando olho para a oposição no FC Porto formada por Francisco J. Marques, João Koehler, curva Pinto da Costa entre outros, mais grato fico pelos sócios do FC Porto terem dado uma vitória retumbante a André Villas Boas, um portista que sente o clube como qualquer um de nós e que está na Presidência do FC Porto para servir exclusivamente os interesses do clube.

Bem sei que não é perfeito e que vai cometer erros, sendo esta uma consequência natural de quem decide, mas tenho a certeza que está a fazer tudo e a dar o seu melhor para recuperar financeiramente o FC Porto, dotá-lo de transparência, integridade e probidade e colocá-lo novamente na senda do sucesso.   

Contudo, não gostaria que a oposição deixasse de nos brindar com os seus escritos a cada derrota ou com as críticas gratuitas de quem exige agora para os outros tudo aquilo que nunca procurou zelar enquanto lá esteve, pois a mesma tem o efeito inestimável de unir ainda mais a massa adepta em torno do clube.  

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