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O boom dos tuk tuks na Lísbia entra como uma luva na máxima "em terra de cego quem tem olho é rei"
O boom dos tuk tuks na Lísbia entra como uma luva na máxima "em terra de cego quem tem olho é rei". Num país feito num 8, numa cidade com tanto de decadente e elegante como uma velha aristocrática sem dentes, não espanta o apelo do dinheiro fácil, ganho a mostrar a passo de trote a cidade aos turistas, a maioria temerários do terrorismo centro europeu. Fala-se de muita coisa nesta actividade que veio para ficar, tanto quanto a administração tributária o permita ou o tribalismo animal os devore uns aos outros. A tentação de encher os bolsos ao dia e a velocidade de cruzeiro, sem notas discriminatórias ou outras provas senão a folha de serviço, é o móbil principal de cada novel empresário do ramo dos triciclos, nalguns casos porventura justos, como um ajuste de contas poético contra o saque de consórcios mafiosos na disputa de cada torrão e a famigerada caça ao imposto a todo o custo. Em última instância, nunca ninguém saberá, a não ser o condutor da geringonça, quanto lucrou, tendo sempre a desculpa da gorjeta lambuzada para descartar a facturação real que nunca será declarada e quanto muito um dia terá o acerto dos métodos indiciários. Indivíduos que antes se arrastavam, tesos, à babugem, aziagos com a sorte dos seus ofícios moribundos, ganharam peito como o pato bravo feito rico sabe-se lá como, e insuflam-se agora como empresários de sucesso, vedetas de estilo ronceiro, garbosos dos seus feitos de condutores audazes e matreiros, caçadores de patos dispostos apenas a um mercenário fim: o dinheiro. O dinheiro limpinho e vaidoso. O dinheiro, já se sabe, comanda a vida, e por ele se mata, esfola, denigre, ameaça, injuria ou inveja. E tanto vale para o empresário que nunca assentou as nádegas num banco de triciclo, como para o polícia instruído de depenar os condutores e seus patrões por conta dos impostos não declarados. No meio de uma fauna onde cabe de tudo, do bimbo de subúrbio ao menino e menina de bem de pergaminhos, do condutor educado, poliglota, correcto, servil, humilde, ao putativo cigano histriónico de feira, de facalhão em punho a semear o pânico entre a concorrência, quem vai governando a sua vida é todo o indivíduo capaz de sobreviver nos meandros da selva segundo as regras da dita. O moturista acidental, nado e criado em Lisboa, amante da sua cidade, olisipoapaixonado invicto e convicto, governa o carro de serviço colateral com o duplo prazer de regressar à sua cidade depois de viajar como um Ulisses até chegar o dia de escrever o livro incisivo sobre o que fizeram de Lisboa.
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O regresso de Ventura ao modo agressivo não é um episódio. É pensado e planeado e é o trilho de sobrevivência e eventual crescimento numa travessia que pode ser mais longa do que o antecipado. E que o desejado. Por isso, vai invocar muitos salazares até lá.
O espaço lusófono não se pode resignar a ver uma das suas democracias ser corroída perante a total desatenção da opinião pública e inação da classe política.