
A crise política instalou-se em Itália, como era previsível, no dia seguinte ao referendo.
Renzi demitiu-se, deixando todas as incertezas sobre o futuro do Governo Italiano.
O Presidente, Sergio Mattarella chamou Paolo Gentiloni, o até aqui Ministro dos Negócios Estrangeiros, a formar Governo. Uma escolha a que certamente não foi alheio Mateo Renzi.
A nomeação do Primeiro Ministro implica, em todo o caso, a realização de eleições até Fevereiro de 2018. É bem possível que se realizem antes.
Entretanto, a situação do setor financeiro agravou-se. O banco Monte dei Paschi di Siena necessita de intervenção urgente, sob pena de entrar em colapso. O Banco Central Europeu recusou um pacote de ajuda que permitiria salvar o banco durante algum tempo.
A situação da banca italiana – muito preocupante – acelerou o processo político e terá convencido Renzi a abandonar o dramatismo, tornando-se mais pragmático. Ajudou Mattarella a encontrar uma solução de Governo e fê-lo o mais rapidamente possível. Não será irrelevante para esta súbita colaboração de Renzi o facto de ter repetidamente declarado – até no seu anúncio de demissão – que a sua vida política não acabaria ali e que estaria disponível para servir Itália.
Estes sinais apontam para um eventual regresso de Renzi, porventura já nas eleições de 2018.
É aqui que o cenário se complica.
Se tínhamos já três eleições muito difíceis na Europa ao longo do próximo ano – França, Holanda e Alemanha – junta-se agora uma quarta (em finais de 2017 ou início de 2018), que seria desnecessária.
Os sinais estão à vista: as sondagens publicadas esta semana revelam a liderança do partido 5 Stelle de Beppe Grillo.
Ora, o suposto problema interno italiano, sobre as polémicas de uma reforma constitucional mal conduzida, tornam-se nos problemas de toda a Europa.
Porque se o resultado desta crise política for a eleição de Beppe Grillo ou de alguém oriundo do partido 5 Stelle, pode bem suceder que a Itália venha a seguir o caminho do Reino Unido.
E, nesse caso, também ninguém acreditava ser possível. E, nesse caso, também o referendo era evitável. E nestes, como em muitos outros casos, só nos apercebemos do acidente quando ele já aconteceu.
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