Os extremos saíram à rua
Quando o centro falha, como falhou na Europa nas últimas décadas, é indispensável não dar apenas o espaço político a um lado da barricada.
Os extremos saíram à rua: os democratas contra os racistas e xenófobos. No passado sábado, houve uma manifestação marcada em Lisboa denominada"Não nos encostem à parede"onde se reinvindicava a liberdade, a dignidade e a defesa dos direitos sociais. No seguimento do que aconteceu na Rua do Bemformoso, onde centenas de imigrantes foram encostados à parede sem motivo aparente, mais de uma centena de organizações e colectivos decidiram mostrar que as imagens que assistimos, e que não são caso único para muitas periferias das cidades, não definem o Portugal real. A verdade é que qualquer democrata ficaria arrepiado com as imagens que circularam juntamente com o resultado prático dessa operação: apenas intimidação e combate a percepções.
Na sequência das últimas semanas fomos percebendo a instrumentalização política destas ditas "operações" pelo governo de Luís Montenegro. Era preciso combater a sensação de insegurança que se começa a instalar em Portugal, era repetido pela coligação Aliança Democrática. Mas foi mesmo neste fim-de-semana que se tornou clara a posição do nosso Primeiro-Ministro na declaração que realizou sobre as manifestações (a extrema-direita organizou uma "vígilia" com 50 pessoas e uma contra-manifestação). "Os extremos saíram à rua". A equiparação entre um lado com democratas, defensores de um estado de direito justo, de uma separação de poderes políticos e judiciais, defensores da liberdade e igualdade, defensores da liberdade e de abril, com outro lado carregado de ideias racistas e xenófobas, sempre a proferir discurso de ódio para todas as comunidades. Relembrar que quem esteve presente na manifestação de sábado do lado dos democratas eram pessoas ligadas ao partido do governo, da esquerda à direita, famílias, imigrantes, emigrantes e, claro, diferentes partidos.
Esta tentativa de "moderação" e centrismo não é uma ideia original do governo nem portuguesa. Foram usadas frequentemente noutros países europeus com os resultados que se observa actualmente: a polarização dos extremos, o desencanto dos cidadãos pela democracia e o aumento da falta de esperança no sistema político como resolução dos seus problemas. O centrismo e a moderação como virtuosismo no meio dos tumultos não são de todo a resposta para eliminar ideias fascistas da sociedade. Ser tolerantes com quem não o é, apelando à sua moderação nunca levou em qualquer período da história à redução de ideias radicais da sociedade: só dá espaço para as mesmas crescerem. E podemos mesmo assistir a esta mudança política um pouco por todo o mundo, com cada vez mais o dito "centro" chegado aos ideais da direita conservadora e radical, mostrando também como a esquerda não conseguiu disseminar e implementar a sua ideia para conquistar votos. A esquerda pode e deve ser o projecto de alternativa à sucessiva perda de qualidade de vida, direitos e degradação da democracia e das instituições democráticas sob pena de deixar a única alternativa possível para os projectos de extrema-direita populistas que assombram a Europa e o mundo dito ocidental. Quando o centro falha, como falhou na Europa nas últimas décadas, é indispensável não dar apenas o espaço político a um lado da barricada.
Tudo isto associado ao aumento das desigualdades, ao aumento dos bilionários mundiais, levam à captura dos nossos sistemas democráticos por meia dúzia de pessoas com dinheiro e poder suficiente para alterar o rumo das regras democráticas ao seu belo prazer. Elon Musk começou esta mudança nos Estados Unidos da América e já fez o seu caminho europeu, tentando derrubar chefes de estado no Reino Unido, aliando-se ao partido Nazi da AfD na Alemanha e semeando o caos institucional, preparando-se para colher os frutos de todo esse caos mais tarde.
Os extremos saíram à rua neste sábado, e é mesmo esta a luta que vamos lutar até ao final da década. A defesa pela democracia e liberdade contra as ideias retrógradas e fascistas. Do que depender dos verdadeiros democratas, estas últimas não passarão.
Para quando uma identidade digital?
A questão passa sempre por garantir que as regras e leis estão a ser também transpostas para o mundo digital. Sabemos bem que a maioria destes comentários feitos fora destas redes sociais trariam consequências legais para estes indivíduos. No entanto, nem sabemos sequer quem os escreve.
Precisamos de novos nomes
São estes os nomes das pessoas que ativamente procuram lucrar com o ódio, a polarização e que atiram areia para cara dos portugueses com falsos problemas. Mas não são só estes nomes que são responsáveis pela deriva antidemocrática, racista e xenófoba que acontece no nosso país.
O seu nome é M-A-M-D-A-N-I
Uma pessoa que vem da população para a política e que passou por todos os problemas que hoje tenta resolver. Um muçulmano apoiado por judeus. Tudo na sua história parece indicar pouca probabilidade de atingir o sucesso, especialmente no contexto financeiro americano, mas cá está ele.
As leis verdes não são leis
Quando as empresas enfrentam dificuldades, sabemos bem qual o investimento que vai ser removido: o do pilar ecológico e social.
O mundo que deixamos para os nossos filhos
Se o tema associado à sustentabilidade das próximas gerações sempre teve como prioridade o aspecto ambiental do planeta, cada vez mais parece ser apenas a ponta do iceberg.
Edições do Dia
Boas leituras!