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Com o surgimento de movimentos radicais e a inclinação de certos países e parlamentos para uma direita radical populista, acompanhada por uma higienização na linguagem que até recentemente era inaceitável, há de novo a necessidade de falar em assuntos que deviam estar arrumados há muito numa gaveta.
No mês de março, duas datas internacionais de grande importância foram celebradas, talvez com uma relevância ainda maior nos dias atuais. Infelizmente, esses dias passaram despercebidos em grande parte, no meio da convulsão política nacional. Contudo, é justamente por causa dos desenvolvimentos políticos que desejo abordar essas datas.
A 15 de março de 2019, um ataque terrorista em Christchurch, perpetrado por um extremista supremacista branco, ceifou a vida de mais de 51 pessoas e deixou mais de 40 feridas. A sua única motivação era exterminar pessoas muçulmanas, alimentada pela teoria da conspiração da Grande Substituição. O impacto foi avassalador. A Nova Zelândia, considerada um dos países mais seguros do mundo, foi abalada por um ataque de proporções inimagináveis, chocando não apenas a comunidade local, mas também o mundo inteiro. A barbárie atingiu um ponto tal que o ataque nas duas mesquitas foi transmitido ao vivo pelas redes sociais. Este ato selvagem, impulsionado pelo ódio e pela adesão a teorias conspiratórias, revelou uma falha na capacidade de antecipação de ataques desta dimensão. Esta é uma das lamentáveis facetas do extremismo e do terrorismo: a discussão só ganha destaque após a tragédia, e apenas os números trágicos são contabilizados - quase nunca os números de acontecimentos positivos são partilhados. Como costumo dizer, se fosse possível prever, não seria terrorismo, pois perderia uma de suas principais características: a capacidade de surpreender e causar um impacto psicológico profundo na sociedade. Devido a este ataque, em 2022, as Nações Unidas decretaram o dia 15 de março como o Dia Internacional do Combate à Islamofobia.
A 21 de março de 1960, centenas de pessoas se manifestaram contra o aprofundamento das leis de Apartheid na África do Sul, que apenas intensificariam a discriminação racial. A polícia abriu fogo contra a multidão, resultando em 69 mortes e 180 feridos, incluindo crianças. Esse trágico evento ficou conhecido como o massacre de Sharpeville e desde então é lembrado anualmente como feriado na África do Sul. Em 1966, as Nações Unidas designaram o dia 21 de março como o Dia Internacional para a Eliminação da Discriminação Racial.
Há, de facto, uma profusão de datas internacionais que celebram ou homenageiam eventos marcantes da História. São tantas que se torna praticamente impossível recordar e reconhecer todas na medida que talvez mereçam. No entanto, algumas delas merecem destaque especial devido a diversas circunstâncias. Para mim, os dias 15 e 21 de março deveriam ter sido amplamente divulgados, dada a crescente necessidade de estabelecer limites claros entre o que é razoável, tolerável e aceitável na sociedade contemporânea democrata e plural. Com o surgimento de movimentos radicais e a inclinação de certos países e parlamentos para uma direita radical populista, acompanhada por uma higienização na linguagem que até recentemente era inaceitável, há de novo a necessidade de falar em assuntos que deviam estar arrumados há muito numa gaveta. Assuntos que deviam ser celebrados por terem sido erradicados, e não porque ainda é preciso empreender esforços para combater os seus problemas de base.
Não é por serem imigrantes que são criminosos ou que têm maior propensão para tal. Por isso, e porque alguma criminalidade que possa existir está associada a falta de respostas, é urgente agir com soluções humanistas e realistas para os imigrantes que procuram o nosso país para viver.
Honrar o 25 de abril passaria por combater estes movimentos e partidos localizando a origem e traçando o caminho do dinheiro que os alimenta e que pretende destruir os valores que revoluções como o 25 de abril trouxeram às muitas pessoas que acreditam na democracia e aos seus herdeiros.
Com o surgimento de movimentos radicais e a inclinação de certos países e parlamentos para uma direita radical populista, acompanhada por uma higienização na linguagem que até recentemente era inaceitável, há de novo a necessidade de falar em assuntos que deviam estar arrumados há muito numa gaveta.
Sempre houve e sempre haverá quem tenha uma visão nacionalista, reacionária, extremista, e discriminatória em relação a grupos sociais. Apesar de ajudar a explicar a percentagem de votos no Chega, este tipo de eleitores tem pouca expressão e vive nas margens do eleitorado comum.
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O humor deve ser provocador, desafiar convenções e questionar poderes. É um pilar saudável da liberdade de expressão. Mas quando deixa de ser crítica legítima e se transforma num ataque reiterado e desproporcional, com efeitos concretos e duradouros na vida das pessoas, deixa de ser humor.
O poder não se mede em tanques ou mísseis: mede-se em espírito. A reflexão, com a assinatura do general Zaluzhny, tem uma conclusão tremenda: se a paz falhar, apenas aqueles que aprendem rápido sobreviverão. Nós, europeus aliados da Ucrânia, temos de nos apressar: só com um novo plano de mobilidade militar conseguiríamos responder em tempo eficaz a um cenário de uma confrontação direta com a Rússia.
Até porque os primeiros impulsos enganam. Que o diga o New York Times, obrigado a fazer uma correcção à foto de uma criança subnutrida nos braços da sua mãe. O nome é Mohammed Zakaria al-Mutawaq e, segundo a errata do jornal, nasceu com problemas neurológicos e musculares.