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Presidente turco adverte sobre exploração de gás ao largo de Chipre

13 de fevereiro de 2018 às 20:58

O presidente turco avisou a companhias petrolíferas internacionais sobre a exploração de gás ao largo da ilha cipriota. Há poucos dias, Ancara bloqueou navio da energética Eni.

O Presidente turco Recep Tayyip Erdogan alertou hoje as companhias internacionais contra a exploração de gás nas águas cipriotas, alguns dias após Ancara ter bloqueado um navio do gigante italiano Eni ao largo da ilha.

"Não pensem que as tentativas oportunistas de prospecção de gás natural ao largo de Chipre (…) escapam à nossa atenção", declarou Erdogan num discurso em Ancara transmitido pela televisão.

Na sua intervenção, o chefe de Estado islamita também advertiu sobre a possibilidade de uma intervenção militar em Chipre e no mar Egeu para proteger os direitos do seu país na zona, da mesma forma que está a efectuar na Síria.

"Os nossos direitos no Mar Egeu e Chipre são para nós o mesmo que Afrine. Os nossos navios de guerra e a nossa Força aérea estão a seguir a situação de perto para concretizar qualquer tipo de intervenção", assinalou.

No domingo o Presidente cipriota Nikos Anastasiades acusou Ancara de ter violado o "direito internacional" após o bloqueio na sexta-feira pela marinha turca de um navio do gigante italiano da energia Eni, com a missão de explorar gás na ilha mediterrânica.

A embarcação dirigia-se para o bloco 3 da Zona económica exclusiva (ZEE) de Chipre com o objectivo de iniciar a exploração deste bloco que se encontra a leste da ilha dividida.

Chipre está dividida desde 1974, quando as tropas turcas invadiram o terço norte da ilha numa reacção a um fracassado golpe de Estado ultranacionalista que pretendia a união da ilha à Grécia. Cerca de 40.000 soldados turcos permanecem estacionados na autoproclamada República Turca de Chipre do Norte (RTCN), apenas reconhecida por Ancara.

As explorações de gás conduzidas na ZEE pela República de Chipre, membro da União Europeia (UE) desde 2004, mas que apenas exerce a sua autoridade sobre 63% do território do país, estão na origem de um novo período de tensão com o Governo turco, que exige a sua suspensão enquanto não for encontrada solução para a divisão da ilha.

Na sequência de diversas tentativas falhadas de reunificação, o Presidente cipriota conservador, reeleito em 04 de Fevereiro para um segundo mandato, comprometeu-se em pôr termo à divisão da ilha.

"Alertamos as empresas estrangeiras que fazem operações ao largo de Chipre (…) para situações que ultrapassam os limites e das forças dos cipriotas", prosseguiu hoje Erdogan.

Na noite de segunda-feira, o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, apelou na segunda-feira à Turquia para "evitar ameaças e actos dirigidos contra qualquer membro da UE e a empenhar-se em boas relações de vizinhança".

Em paralelo, foi anunciado em Nicósia o novo governo cipriota, assinalada por uma substituição do titular dos Negócios Estrangeiros. Com 44 anos, Nikos Christodoulides, que era porta-voz do executivo desde 2013, substitui o veterano Ioannis Kasoulides, que anunciou o desejo de se retirar da vida política aos 69 anos.

Chipre, que desencadeou há mais de sete anos operações de prospecção ao largo das suas costas, anunciou na quinta-feira a descoberta de importantes reservas de gás no bloco 6, a sudoeste do bloco 3, pelo grupo italiano ENI e o francês Total.

Em 2017, a ExxonMobil e a Qatar Petroleum assinaram um contrato de licença com Nicósia para explorar o bloco 10, situado perto do campo de gás natural egípcio "Zohr", onde foram descobertas imensas reservas de gás.

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