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Os dias negros de Boris Johnson. Irmão deixa governo e lugar de deputado

05 de setembro de 2019 às 12:23

Jo Johnson deixou o cargo de secretário de Estado da Economia, da Energia e da Estratégia Industrial e o lugar de deputado por tensões "irresolúveis" entre a lealdade à família e o interesse do país

O deputado britânico Jo Johnson, irmão do primeiro-ministro e secretário de Estado para as Universidades e Ciência, anunciou esta quinta-feira a demissão, invocando incompatibilidade entre "lealdade à família e o interesse nacional".

"Foi uma honra representar Orpington por nove anos e servir como ministro sob três primeiros-ministros. Nas últimas semanas, fiquei dividido entre a lealdade à família e o interesse nacional", comunicou hoje através da rede social Twitter. Para Jo Johnson, esta é uma "tensão insolúvel e está na hora de outras pessoas assumirem os meus papéis de deputado e secretário de Estado".

A decisão foi tornada pública depois de dois dias muito difíceis para Boris Johnson. Primeiro, o líder do executivo viu os deputados aprovarem uma moção que permitia a apresentação de legislação para impor um novo adiamento da saída do Reino Unido do Brexit. Na quarta-feira, o adiamento marcado para 31 de outubro foi mesmo confirmado - inclusive com votos de conservadores que foram afastados do partido-, tendo sido aprovada uma proposta de lei que pode travar um Brexit sem acordo. Automaticamente, Boris levou a votos uma moção para marcar eleições antecipadas para 15 de outubro. A decisão sobre o ato eleitoral contou com votos 298 a favor e 56 votos contra, mas foi rejeitda porque era necessária uma maioria de 434. O resultado não surpreendeu visto que o Partido Trabalhista já deixara claro que pretendia ir a votos apenas tendo a certeza que a lei Benn é aprovada na Câmara dos Lordes e se torna efetiva. Depois, o plano será provocar eleições.

Jo Johnson, de 47 anos, é deputado desde 2010 e fez parte dos governos de David Cameron e Theresa May, mas demitiu-se deste último em divergência com a política para o Brexit, passando a defender um novo referendo para desbloquear a questão.

Na altura criticou a direção das negociações, as quais qualificou como "um erro terrível" porque deixariam o Reino Unido enfraquecido economicamente e sem direito de voto sobre as regras europeias que teria de cumprir.

A família de Boris Johnson é ativa politicamente, sendo o pai, Stanley Johnson, igualmente membro do partido Conservador e um antigo eurodeputado que fez campanha pela permanência do Reino Unido na União Europeia no referendo de 2016.

A irmã Rachel Johnson concorreu sem sucesso pelo partido independente pró-europeu Change UK nas eleições europeias de 2019, depois de passagens como militante pelo partido Conservador e Liberais Democratas.

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