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Jair Bolsonaro condecora Sergio Moro debaixo de polémica

11 de junho de 2019 às 20:44

O Presidente do Brasil entregou ao ministro da Justiça a Ordem de Mérito Naval, dois dias depois de ter sido divulgada uma troca de mensagens que coloca em dúvida a imparcialidade da Operação Lava Jato quando este era juiz.

O Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, condecorou esta terça-feira o ministro da Justiça, Sérgio Moro, depois da polémica troca de mensagens que coloca em dúvida a imparcialidade da Operação Lava Jato quando este era juiz.

A condecoração com a Ordem de Mérito Naval acontece dois dias depois do escândalo de alegada interferência no processo ter sido divulgada pelo The Intercept que realizou uma reportagem divulgando mensagens trocadas por Moro e o promotor Deltan Dallagnol, chefe dos procuradores da Lava Jato.

Embora não se tenha manifestado sobre estas revelações, Bolsonaro declarou confiar "irrestritamente" no seu ministro da Justiça. O Secretário de Comunicação da Presidência brasileira, Fabio Wajngarten, disse à imprensa local que informou o chefe de Estado acerca da divulgação das mensagens no domingo, e que na segunda-feira voltou a falar com o governante acerca do conteúdo. Em ambas as ocasiões Bolsonaro frisou: "Nós confiamos irrestritamente no ministro Moro", declarou Wajngarten.

Antes da cerimónia de condecoração, Bolsonaro e Moro reuniram-se no Palácio da Alvorada, residência oficial do chefe de Estado brasileiro. Sergio Moro, que ocupa o cargo de ministro da Justiça e da Segurança Pública no Governo liderado por Jair Bolsonaro, foi citado este domingo numa série de reportagens sobre a operação Lava Jato do 'site' The Intercept.

O portal de investigação publicou textos com supostas mensagens e conversas privadas entre promotores e juízes brasileiros na aplicação Telegram, denunciadas por uma fonte anónima, que apontariam falta de imparcialidade e colaboração ilegal na maior operação contra a corrupção do Brasil.

Segundo o Intercept, conversas privadas revelam que o ex-juiz Sérgio Moro sugeriu ao procurador e responsável pelas investigações da Lava Jato, Deltan Dallagnol, que alterasse a ordem das fases da operação Lava Jato, deu conselhos, indicou caminhos de investigação e deu orientações aos promotores encarregados do caso, ou seja, teria ajudado a acusação, o que viola a legislação brasileira que exige imparcialidade aos juízes.

As mensagens também indicariam, segundo o The Intercept, que os promotores da Lava Jato tinham sérias dúvidas sobre a qualidade das provas contra o ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva num processo em que foi condenado em três instâncias da justiça brasileira de receber um apartamento de luxo como suborno da construtora OAS.

Lula da Silva foi preso em abril do ano passado, para cumprir pena desta condenação em regime fechado, sendo posteriormente proibido de concorrer na eleição presidencial realizada em 2018, quando era o candidato favorito da população, segundo as sondagens realizadas à época.

Na sequência da reportagens do Intercept, também o vice-presidente do Brasil, Hamilton Mourão, declarou que o atual ministro da Justiça é uma pessoa "da mais ilibada confiança do Presidente".

"Conversa privada é conversa privada, não é? E descontextualizada ela traz qualquer número de ilações", afirmou Mourão aos jornalistas, após deixar o Palácio do Planalto, em Brasília.

O porta-voz da Presidência, Otávio Rêgo Barros, informou na segunda-feira que Bolsonaro se deverá reunir hoje com Moro, para discutir o conteúdo das mensagens reveladas pelo The Intercept.

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