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Ex-presidente argentino Maurício Macri terá espiado mais de 400 jornalistas

07 de junho de 2020 às 20:39

Nos documentos encontrados num cofre da Direção de Eventos Especiais da Agência Federal de Inteligência estão os ficheiros de 403 jornalistas, 28 académicos e 59 outras pessoas, separados em três envelopes com a menção "2017", "Jornalistas do G20" e "Diversos".

O governo do ex-presidente da Argentina Maurício Macri terá investigado mais de 400 jornalistas entre 2015 e 2019, avançou, este domingo, a agência EFE com base em fontes oficiais da Agência Federal de Inteligência (AFI).

Graciela Caamaño, deputada pela província de Buenos Aires e membro do Conselho argentino da Magistratura, apresentou na última sexta-feira uma denúncia contra a alegada "produção de informações ilegais sobre jornalistas, académicos, organizações sociais e partidos políticos" e vai apresentar na segunda-feira em Tribunal os ficheiros que foram descobertos.

Entre os documentos encontrados num cofre da Direção de Eventos Especiais da AFI estão os ficheiros de 403 jornalistas, 28 académicos e 59 outras pessoas, separados em três envelopes com a menção "2017", "Jornalistas do G20" e "Diversos".

Segundo a queixa apresentada, o Ministério da Segurança do Governo de Macri estabeleceu diretrizes para a acreditação de jornalistas para as cimeiras da Organização Mundial do Comércio (OMC) e do G20, realizadas em 2017 e 2018, respetivamente, alegando que o trabalho dos serviços secretos não foi ordenado nem autorizado por um juiz.

Nestes processos, os jornalistas eram identificados com um "semáforo ideológico", sinalizando elementos aparentemente mais próximos da linha de Macri a verde, outros a amarelo e os mais críticos a vermelho. Esta classificação terá abrangido jornalistas de agências internacionais, jornais, canais de televisão nacionais e internacionais, de acordo com os ficheiros a que a EFE teve acesso.

De acordo com a denúncia, a recolha e classificação de informação foi ainda mais vasta, incluindo "ligações nos meios de comunicação social, preferências políticas, publicações sobre redes sociais, simpatia por grupos feministas ou conteúdos políticos e/ou culturais, entre outras questões", num trabalho conduzido "sem controlo ou ordem jurisdicional".

Graciela Caamaño requereu a audição dos agentes envolvidos nesta operação, bem como o antigo diretor-geral da AFI, Gustavo Arribas, a antiga diretora-geral adjunta, Silvia Majdalani, e o antigo presidente Maurício Macri, "na sua qualidade de responsável pela definição das orientações estratégicas e dos objetivos gerais da política nacional de informações", revelaram ainda as fontes da agência noticiosa.

Este caso vem adensar ainda mais a polémica em torno da presidência de Macri, depois de um procurador ter acusado em maio o ex-presidente e o antigo diretor-geral da AFI, Gustavo Arribas, entre outros ex-funcionários, de alegada espionagem ilegal durante o seu mandato.

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