Companheiro de Meloni aconselha mulheres a "não se embebedarem" para não serem violadas
Paridos da oposição pedem que a primeira-ministra italiana se distancie dos comentários feitos pelo jornalista Andrea Giambruno.
O jornalista Andrea Giambruno, companheiro da primeira-ministra italiana, marcou presença num debate sobre duas violações em grupo que ocorreram no país e aconselhou as mulheres a não ficarem bêbadas para evitarem estas situações.
"Se vais sair à noite, tens todo o direito de te embebedar, claro, mas se não te embebedares e perderes os sentidos, talvez evites certos problemas, porque depois podes encontrar o logo", referiu o jornalista noDiario del Giorno, programa que apresenta.
Mais à frente no programa o jornalista, que tem uma filha de sete anos com Meloni, concordou com o editor do jornalLibero, Pietro Senaldi, que quando este afirmou: "Se quiser evitar uma violação, acima de tudo, não perca a consciência".
Os incidentes que estavam a ser debatidos chocaram o país que soube que duas crianças de treze anos foram violadas por um grupo de seis adolescentes na cidade de Caivano, na província de Nápoles e que uma jovem de 19 anos foi violada por sete homens, um deles menor de idade, após a terem embebedado em Palermo, na Sicília.
Relativamente ao caso da cidade siciliana o crime foi depois comentado entre os agressores através de um grupo do WhatsApp. Um dos homens terá afirmado: "Se eu pensar muito fico um pouco enjoado, porque éramos cem cães em cima de um gato, só tinha visto algo assim em vídeos porno, éramos muitos. Sinceramente deixou-me um pouco enojado, mas o que ia eu fazer? Carne é carne".
Antes das declarações do seu companheiro Giorgia Meloni já tinha condenado por incidentes e garantindo que todos os agressores iam ser condenados com penas duras mas apesar disso enfrenta agora os partidos da oposição que pedem que se distancie dos comentários feitos por Andrea Giambruno.
Chiara Braga, porta-voz do Partido Democrático na câmara baixa do parlamento, pediu que a primeira-ministra italiana de extrema direito de distanciasse publicamente dos comentários feitos pelo seu companheiro. Numa conferência de impressa defendeu: "Não aceitamos qualquer ambiguidade. Meloni deveria distanciar-se destas palavras, que sugerem mais uma vez que às vezes a ‘culpa’ também é das mulheres. É inaceitável".
Cecilia D’Elia, senadora também do Partido Democrático e vice-presidente da comissão de inquérito ao feminicídio, também demonstrou o seu desagrado com as declarações prestadas: "eles simplesmente não conseguem evitar culpar as mulheres. Não sai sozinha, não vá a lugares escuros, não se vista de forma provocante. Essas considerações já não são aceitáveis. Se uma rapariga bebe demais ela pode esperar uma dor de cabeça, não uma violação".
Já o partido Movimento Cinco Estrelas emitiu um comunicado onde considera "as palavras de Giambruno" como "inaceitáveis e vergonhosas" acusando-o ainda de representar "um cultura retrógrada e dominada pelos homens".
O jornalista já reagiu à polémica, considerada como "surreal", afirmando: "Se tivesse dito algo de errado teria pedido desculpas mas não é o caso e nunca existirá o dia em que os políticos decidem o que eu posso dizer".
"Já afirmei que uma violação é um ato abominável mas tomei a liberdade de dizer às jovens para não saírem apenas com o propósito de se embebedarem e consumirem drogas. Aconselhei-os a terem cuidado porque, infelizmente, os bandidos estão sempre por aí. Nunca disse aos homens que têm direito de violar mulheres bêbadas", referiu ainda durante o seu programa.
Quanto à primeira-ministra da extrema-direira, Giorgia Meloni ainda não se fez ouvir depois da polémica.
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