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Bill e Hillary Clinton acusam Trump e republicanos de "ânsia do poder"

20 de setembro de 2020 às 20:54

O ex-presidente norte-americano e a ex-secretária de estado consideram que o atual líder da Casa Branca e Mitch McConnell estão a tentar "preencher o Supremo Tribunal com todos os juízes ideológicos que puderem".

O ex-presidente norte-americano Bill Clinton e a mulher, a ex-secretária de Estado Hillary Clinton, acusaram hoje Trump e o senador Mitch McConnell de serem guiados pela "ânsia do poder" no que respeita à vaga no Supremo.

"Creio que para ambos, tanto para o senador McConnell [líder da maioria republicana no Senado] como para o Presidente [Donald] Trump, o seu principal valor é o poder, e estão a tentar preencher o tribunal com todos os juízes ideológicos que puderem", afirmou Bill Clinton, antigo chefe de Estado norte-americano (1993-2001), numa entrevista à cadeia de televisão CNN.

A juíza Ruth Bader Ginsburg do Supremo Tribunal, uma progressista, faleceu na sexta-feira, aos 87 anos, deixando uma vaga, tendo Trump anunciado no sábado a sua intenção de nomear o seu substituto na próxima semana, adiantando que possivelmente seria uma mulher, depois de McConnell ter prometido submeter o candidato do Presidente à votação no hemiciclo.

Com Ginsburg, o Supremo contava com cinco juízes conservadores e quatro progressistas, sendo que com a confirmação do candidato de Donald Trump seria reforçado o domínio conservador, que poderá durar décadas e tomar decisões de longo alcance sobre questões como o aborto ou a emigração, fundamentais para a sua base de eleitores.

Bill Clinton classificou a decisão de McConnell de "hipócrita" porque bloqueou a nomeação para o Supremo do ex-presidente Barack Obama (2009-2017), quando faltavam 10 meses para as eleições de 2016, nas quais Trump venceu a então candidata democrata Hillary Clinton, ex-secretária de Estado (2009-2013).

"É claro que é ligeiramente hipócrita, não? Mitch McConnell não concedeu ao candidato do presidente Obama, Merrick Garland, uma audiência (de confirmação no Senado) 10 meses antes das eleições presidenciais, e isso significou que estivémos durante bastante tempo com oito juízes no tribunal", lamentou Bill Clinton, que indicou Ginsburg para juiza do Supremo Tribunal em 1993.

"Não sei o que se passou para deixarem de confiar no povo norte-americano, mas aparentemente, quando lhes convém, as pessoas não têm direito a ter opinião", prosseguiu o antigo chefe de Estado norte-americano nas suas críticas, numa alusão ao pretexto apresentado por McConnell em 2016, de que deviam ser os votantes a decidir quem seria nomeado para o Supremo Tribunal.

Numa outra entrevista ao canal ABC, Bill Clinton apontou que a posição do Partido Republicano é "fazer o que for preciso para maximizar o seu poder", embora não seja coerente com o que fez antes.

Por sua vez, Hillary Clinton, candidata democrata derrotada por Trump, sublinhou à cadeia NBC que os esforços dos republicanos para preencher a vaga deixada pela morte de Ginsburg no Supremo são mais um "golpe" para as instituições do país.

"O que está a acontecer no nosso país é incrivelmente perigoso", alertou a antiga secretária de Estado.

"As nossas instituições estão basicamente a ser minadas pelas ânsias de poder, poder para benefício pessoal, no caso do Presidente ou poder para o benefício institucional, no caso de Mitch McConnell, à custa das nossas instituições resistirem a qualquer que sejam os ventos que sopram", acrescentou Hillary Clinton.

Na sua opinião, a decisão republicana de bloquear a confirmação de Garland em 2016 deveria aplicar-se "de forma clara" ao dia de hoje.

"Eles dizem: 'Bem, sabe, tinha outros padrões antes'. Bem, criaram um novo precedente e esse novo precedente, que todos defenderam de forma apaixonada, foi esperar esperar pelo próximo presidente para a nomeação", acrescentou.

No entanto, "não é isso que eles pretendem" fazer agora, apontou Hillary Clinton.

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