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Autoridades arménias recusam negociar com oposição, novas manifestações à vista

27 de abril de 2018 às 12:56

As autoridades recusaram negociar com Nikol Pachinian, acusando-o de "impor a sua agenda", enquanto a oposição se prepara para novas manifestações na antiga república soviética do Cáucaso.

As autoridades arménias recusaram esta sexta-feira negociar com o opositor Nikol Pachinian, acusando-o de "impor a sua agenda", enquanto a oposição se prepara para novas manifestações na antiga república soviética do Cáucaso.

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Foto: Getty Images
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O deputado e oponente Nikol Pachinian, de 42 anos, que mobilizou dezenas de milhares de pessoas desde 13 de Abril contra o antigo Presidente Serge Sarkissian, tornou-se por apenas alguns dias primeiro ministro e, contra o Partido Republicano, no poder, propôs ao chefe do Governo interino, Karen Karapetian, um encontro para hoje, num grande hotel na capital arménia, na presença da imprensa.

Esta proposta foi rejeitada por Karapetian, que disse, segundo o seu porta-voz, Aram Araratian, "que as negociações em que um partido impõe a sua agenda ao outro (...) não podem ser consideradas negociações".

"O primeiro-ministro interino considera que não há perspectiva de participar em ‘negociações’ que não permitem encontrar uma solução" para a crise que abalou a Arménia há duas semanas, disse Araratian à Agência France Presse (AFP).

Nikol Pachinian acusou de imediato o Partido Republicano, do qual Karapetian faz parte, de querer "aprofundar a crise política" na Arménia.

O presidente do parlamento arménio, Ara Babloïan, convocou uma reunião extraordinária para o dia 1 de maio para a eleição de um novo primeiro-ministro, depois que Serge Sarkissian ter renunciado no passado dia 23 de Abril, sob pressão de dezenas de milhares de manifestantes.

Nikol Pachinian, que se considera o "candidato do povo", deve ser proposto para o cargo de primeiro-ministro pelo bloco da oposição Yelk. Mas o Partido Republicano no poder ainda tem uma maioria no parlamento e, teoricamente, tem mais hipóteses de eleger o seu candidato.

Na noite de quinta-feira, Pachinian tinha imposto um ultimato, afirmando ser o único candidato ao cargo, perante milhares de apoiantes reunidos na Praça da República, o coração de Erevan e o ponto alto dos protestos anti-Sarkissian.

"Se eu não for eleito primeiro-ministro, não haverá primeiro-ministro na Arménia", afirmou.

"Deve haver uma solução que realmente resolva a crise política e estou convencido de que, se o Partido Republicano eleger o seu candidato, isso significará que a actual crise política vai agravar-se", sublinhou Pachinian na sexta-feira, falando à imprensa.

"O nosso objectivo é conseguir uma mudança real", acrescentou.

"O que propomos é 100% compatível com a Constituição", afirmou, lembrando que "o parlamento pode nomear qualquer pessoa para o posto de primeiro-ministro, sem necessariamente ser um membro do poder ou a maioria parlamentar ".

Nikol Pachinian anunciou também a suspensão dos protestos por dois dias - sexta e sábado -, após treze dias de mobilização marcados pelo bloqueio de estradas e interrupção do trânsito, "para que as pessoas possam descansar um pouco".

No domingo, os protestos contra o governo devem, no entanto, regressar "com novas forças", disse.

Hoje à tarde, Pachinian, acompanhado pelos seus partidários, planeia viajar para Gioumri, a segunda maior cidade do país, antes de visitar, no sábado, Vanadzor, a terceira maior cidade da Arménia.

"É um ato simbólico, porque estas cidades têm estado muito activas todo este tempo e queremos conhecer o seu povo", afirmou.

A Rússia, que tem uma base militar na Arménia, começou na quinta-feira a mediar o conflito, que o Kremlin chama de "caso interno arménio".

O Presidente russo, Vladimir Putin, falou ao telefone com Karen Karapetian na quinta-feira, depois de já ter tido uma conversa telefónica com o seu homólogo arménio, Armen Sarkissian, no dia anterior.

Por seu lado, o vice-primeiro-ministro arménio e chefe da diplomacia foi a Moscovo na quinta-feira para "consultas", enquanto Nikol Pachinian foi recebido, na quarta-feira à noite, na embaixada russa na Arménia "para discutir a situação em Erevan e no país".

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