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Anthony Fauci acredita que Covid-19 vai deixar de ser uma pandemia

12 de novembro de 2020 às 16:07

Diretor do Instituto de Alergias e Doenças Infecciosas norte-americano aconselhou a "não baixar as armas" porque prevê que o coronavírus seja endémico.

O diretor do Instituto de Alergias e Doenças Infecciosas norte-americano, Anthony Fauci, acredita que a covid-19 vai deixar de ser uma pandemia devido às vacinas, mas aconselhou a "não baixar as armas" porque prevê que o coronavírus seja endémico.

"Duvido que vamos erradicar isto. Precisamos de planear porque é algo que podemos precisar de manter sob controlo de forma crónica. Pode ser que se torne endémica, algo que temos de ter cuidado. De certeza que não vai continuar a ser pandémica durante muito mais tempo, porque acredito que as vacinas vão dar a volta", afirmou hoje durante um 'webinar' com o Instituto Real de Relações Internacionais (Chatham House). 

Porém, o epidemiologista também vincou a necessidade de continuarem a ser respeitadas as orientações para evitar a transmissão do vírus, nomeadamente o uso universal de máscaras, distanciamento social físico, evitar multidões, socializar ao ar livre em vez de espaços fechados e lavar as mãos. 

"Parece tão simples. Mas pessoas identificam isto com confinamento e não há apetite para confinamento, há fadiga com a covid nos EUA e no resto do mundo", reconheceu, vincando a importância de, nos EUA, os diferentes estados implementarem de forma mais uniforme estas regras porque a situação no país "é muito difícil". 

Fauci alertou para o risco de as pessoas deixarem de seguir as recomendações e restrições por causa por causa dos resultados anunciados na segunda-feira pela farmacêutica norte-americana Pfizer e a empresa alemã de biotecnologia BioNTech de que a vacina que desenvolveram demonstrou uma eficácia superior a 90%.

"Não parem de disparar porque vem aí a cavalaria. Não baixem as armas, é melhor continuarem a lutar porque ainda não chegaram. A ajuda está a caminho, mas ainda não chegou. Não desistam, não desesperem, o fim está à vista. É preciso insistir nas medidas de saúde pública", acrescentou. 

Fauci disse que o facto de o SARS-Cov-2 ser um vírus de tipo RNA significa que está em constante mutação, mas "a maioria das mutações não são necessariamente relevantes em termos funcionais", e não espera, baseado noutros vírus do mesmo tipo ao longo do tempo, que este se torne mais virulento.   

"Mas não penso que vá interferir necessariamente seja com a vacina ou com terapias", vincou. 

Para o futuro, independentemente da "abordagem geral" que o presidente eleito Joe Biden introduza em janeiro, quando assumir funções, defende a necessidade de mais terapias para as fases iniciais da doença. 

"Os estudos mostram que a Dexametasona e o Remdesivir têm efeitos positivos mais tarde, quando as pessoas estão hospitalizadas, mesmo quando estão com ventilador a receber oxigénio (...) Precisamos e temos resultados promissores, que penso que vão melhorar com o tempo, de anticorpos monoclonais direcionados ao vírus, para evitar que as pessoas tenham de ir para o hospital, bem como antivirícos diretos", acrescentou. 

Apesar de completar 80 anos em dezembro e de dirigir o Instituto há 36, Fauci disse que não pretende retirar-se e que, para além da covid-19, quer desenvolver medidas de combate a outras doenças graves como a malária ou tuberculose. 

"Temos muito para fazer em termos de saúde global e não vou sair sem resolver estas [doenças]", prometeu.

A pandemia de covid-19 provocou pelo menos 1.285.160 mortos em mais de 52,1 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

Em Portugal, morreram 3.103 pessoas dos 192.172 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

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