Secções
Entrar

26 anos depois, três homens foram detidos por participação no genocídio de Ruanda

03 de outubro de 2020 às 12:08

Os suspeitos foram detidos e acusados esta semana na Bélgica por "graves violações do direito humanitário". Massacres fizeram cerca de 800 mil mortos entre abril e julho de 1994

Três homens suspeitos de terem participado no genocídio no Ruanda em 1994 foram detidos e acusados esta semana na Bélgica, disse hoje a procuradoria federal belga à agência de notícias AFP.

"Dois foram detidos na terça-feira em Bruxelas e um na quarta-feira na província de Hainaut, em dois casos diferentes, mas muito semelhantes e todos os três acusados de ‘graves violações do direito humanitário’", disse Eric Van Duyse, porta-voz do Ministério Público Federal.

Um dos três foi posteriormente colocado sob vigilância eletrónica e os outros dois ficaram detidos.

A identidade dos três homens não foi revelada pelas autoridades.

O possível encaminhamento desses suspeitos para um tribunal da Bélgica "será determinado em última instância com base no processo apresentado pelo juiz de instrução e pela procuradoria", segundo Van Duyse.

Os massacres realizados ao serem instigados pelo regime extremista hutu, no poder em Ruanda naquela altura, deixaram cerca de 800.000 mortos entre abril e julho de 1994, principalmente entre a minoria tutsi, mas também entre Hutus moderados, segundo a ONU.

Na Bélgica, cinco julgamentos já ocorreram desde 2001, levando a nove condenações, em conexão com o genocídio de Ruanda.

Em 2001, quatro ruandeses, originários da região de Butare (sul), incluindo duas freiras beneditinas, acusadas de terem entregado a milicianos hutu vários milhares de refugiados que estavam seu convento, foram condenados a penas de 12 a 20 anos de prisão.

Este julgamento foi o primeiro do mundo numa justiça civil nacional fora de Ruanda.

Duas personalidades ruandesas foram então condenadas em 2005 pelos tribunais belgas, nomeadamente em 2007 um ex-major e em 2009 um ruandês apelidado de "banqueiro do genocídio", que foi condenado a 30 anos de prisão.

Em dezembro de 2019, em Bruxelas, Fabien Neretsé, um ex-alto funcionário ruandês, foi condenado pelo crime de genocídio pela primeira vez na Bélgica.

A sentença a 25 anos de prisão foi decretada em maio, com a rejeição do seu último recurso na justiça.

O julgamento de dois outros suspeitos, cujos casos foram separados do de Neretsé, estão em preparação.

Descubra as
Edições do Dia
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui , para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana.
Boas leituras!
Artigos recomendados
As mais lidas
Exclusivo

Operação Influencer. Os segredos escondidos na pen 19

TextoCarlos Rodrigues Lima
FotosCarlos Rodrigues Lima
Portugal

Assim se fez (e desfez) o tribunal mais poderoso do País

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela
Portugal

O estranho caso da escuta, do bruxo Demba e do juiz vingativo

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela