Secções
Entrar

OMS anuncia reorganização e despedimentos devido a redução de financiamento dos EUA

Lusa 22 de abril de 2025 às 21:11

A agência de saúde das Nações Unidas prepara-se há já algum tempo para a retirada total dos Estados Unidos, historicamente de longe o seu maior doador, em janeiro próximo.

O diretor-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS) afirmou esta terça-feira, 22, que os cortes orçamentais dos Estados Unidos estão a deixar as contas da agência da ONU no vermelho, obrigando-a a reduzir operações e a despedir pessoal.

REUTERS/Denis Balibouse/File Photo

"A recusa dos Estados Unidos em pagar as suas contribuições para 2024 e 2025, combinada com os cortes na ajuda pública ao desenvolvimento de alguns outros países, significa que enfrentamos um défice na folha de pagamentos para o biénio 2026-2027 entre 560 e 650 milhões de dólares", disse Tedros Ghebreyesus aos Estados membros, de acordo com uma transcrição do seu discurso.

A agência de saúde das Nações Unidas prepara-se há já algum tempo para a retirada total dos Estados Unidos, historicamente de longe o seu maior doador, em janeiro próximo.

Entretanto, a administração do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, também se recusou a pagar as quotas acordadas para 2024 e 2025, congelando praticamente toda a ajuda externa dos EUA, incluindo um apoio considerável a projetos de saúde em todo o mundo.

Vários outros países reduziram igualmente as suas despesas de ajuda ao desenvolvimento.

Perante esta situação, a OMS começou a refletir sobre a sua nova organização, que o seu Diretor-Geral apresentou hoje ao pessoal e aos Estados-Membros.

O défice da massa salarial "representa atualmente cerca de 25% dos custos com o pessoal", afirmou, sublinhando, no entanto, que "isto não significa necessariamente uma redução de 25% do número de postos de trabalho".

Não disse quantos postos de trabalho seriam cortados, mas afirmou que o maior impacto seria esperado na sede da Organização em Genebra.

"Estamos a começar com cortes na gestão, embora estas sejam decisões muito dolorosas para nós", acrescentou.

"Estamos a reduzir a equipa de gestão da sede de 12 para 7 membros e o número de departamentos passará de 76 para 34, uma redução de mais de metade", afirmou Tedros Adhanom Ghebreyesus.

Os Estados Unidos cortaram 83% dos programas da agência de desenvolvimento norte-americana, a USAID, que era responsável por 42% da ajuda humanitária desembolsada em todo o mundo.

Em 10 de abril a OMS alertou para perturbações nos serviços de saúde em 70% das delegações nacionais inquiridas, "resultado das suspensões e reduções súbitas da ajuda pública ao desenvolvimento para a saúde".

A OMS fez saber nessa comunicação no início do mês que as avaliações feitas "suscitam a preocupação de efeitos potencialmente mais profundos e prolongados nos sistemas e serviços de saúde em todo o mundo, especialmente em contextos vulneráveis e frágeis" e apelam a uma "ação urgente", bem como uma "resposta internacional".

Nesse balanço realizado entre março e abril deste ano que envolveu 108 representações da OMS em vários países, sobretudo em países de rendimento baixo e médio-baixo, demonstra que os países estão a realocar financiamento proveniente de fontes internas e externas.

Artigos Relacionados
Descubra as
Edições do Dia
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui , para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana.
Boas leituras!
Artigos recomendados
As mais lidas
Exclusivo

Operação Influencer. Os segredos escondidos na pen 19

TextoCarlos Rodrigues Lima
FotosCarlos Rodrigues Lima
Portugal

Assim se fez (e desfez) o tribunal mais poderoso do País

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela
Portugal

O estranho caso da escuta, do bruxo Demba e do juiz vingativo

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela