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Marcelo chama ministro para evitar fim de Cornucópia

Luís Castro Mendes teve de cancelar uma visita a Castelo Branco. Depois de falar com o Presidente da República, com o director da companhia Luís Miguel Cintra e com a co-directora Cristina Reis, "as conversações estão em curso"

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Edição de 5 a 11 de agosto
17 de dezembro de 2016 às 18:44

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, serviu hoje de mediador numa conversa entre o fundador e director do Teatro da Cornucópia, Luís Miguel Cintra, e o ministro da Cultura para evitar o fim desta companhia.

Esta conversa, que em que também participou a co-directora deste teatro, Cristina Reis, decorreu no palco da Cornucópia, e não teve um desfecho claro, mas terminou com o ministro Luís Castro Mendes a afirmar que "as conversações estão em curso, e continuam em curso".

O chefe de Estado decidiu ir ao Teatro da Cornucópia no dia para o qual estava anunciado o seu encerramento, e chegou a conduzir, sozinho, cerca das 15:00. Esta sua iniciativa levou o ministro da Cultura a cancelar uma visita a Castelo Branco e a dirigir-se também ao local.

Quando Luís Castro Mendes chegou, perto das 15h30, Marcelo Rebelo de Sousa já estava à conversa com Luís Miguel Cintra e Cristina Reis, os três rodeados de jornalistas, sentados no palco, e com outros actores à sua volta. "Senhor ministro, então já não foi a Castelo Branco", saudou o Presidente da República.

"Não, senhor, anulei a visita para vir aqui", respondeu Luís Castro Mendes. "Então sente aí, que estávamos aqui a ouvir, e eles estavam a narrar", retorquiu Marcelo Rebelo de Sousa.

Ao fim de uns 20 minutos de conversa, depois de os directores do teatro reiterarem que não têm condições financeiras para continuar e o ministro referir que está a actuar face a um cenário de encerramento comunicado pela companhia, o Presidente da República procurou "fazer um ponto da situação".

"Mas hoje, dia 17 de Dezembro de 2016, aquilo que eu ouvi dizer foi: nós estamos na disposição de repensar no sentido de continuar. Diz o senhor ministro: pois muito bem, nós estamos a falar, passamos a falar nessa onda. Até agora estávamos a falar na onde de fechar, a partir de agora passamos a falar na onda de não fechar, de fazer, ver se é possível. Eu acho que é isso que importa fazer", propôs.

Luís Miguel Cintra disse que "a situação continuaria exactamente na mesma de acordo com aquilo que o senhor ministro está a dizer que está disposto a fazer", acrescentando: "Percebo que seja difícil tomar uma decisão para fazer uma excepção. Perante isso eu não discuto. Eu verifico e digo: assim, a gente acaba".

Marcelo Rebelo de Sousa insistiu que se falasse "perante o novo cenário, perante o cenário que se admite, que é, em vez de acabar, continuar, se houver condições para continuar".

"Então aí o Ministério continua a falar convosco, sempre no quadro de que são uma excepção, porque são um caso diferente dos outros casos, para ver se é possível esse cenário", sugeriu, defendendo que "vale a pena falar mais um bocadinho, para ver se é possível ou não um projecto que não seja o do encerramento".

O ministro da Cultura afirmou, então, que "as conversações nunca foram encerradas, as conversações estão em curso, e continuam em curso".

"Foi boa ideia ter cancelado a ida a Castelo Branco, porque isto permite aqui, nesta nesga de esperança, ter aqui a sua presença, que é importante", concluiu o Presidente da República.

Luís Miguel Cintra agradeceu as presenças do chefe de Estado e do ministro e pediu-lhes que acreditassem que não está "a fazer chantagem de espécie nenhuma como é costume fazer-se na política", mas simplesmente a constatar as condições reais para a companhia se manter. "E isto não é uma forma de pressão sobre o Ministério".

Antes de se levantar, Marcelo Rebelo de Sousa observou: "Algum dia eu teria o sonho de não estar sentado na cadeira e vir a discutir aqui para o palco, é sempre o sonho de todos os espectadores".

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