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Um livro para ler no fim de semana: Deep Cuts

Holly Brickley escreveu um romance que é uma banda sonora e transformou uma banda sonora num romance.

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Um livro para ler no fim de semana: Deep Cuts
Ângela Marques 01 de agosto de 2025 às 17:00

Chamaram-lhe "surpreendente romance de estreia" e isso foi o mínimo que disseram sobre Deep Cuts - Uma Música só Nossa. Este bestseller instantâneo, escrito por Holly Brickley, publicado em 14 línguas e adaptado ao cinema (Saoirse Ronan e Austin Butler estão confirmadíssimos nos principais papéis), chegou às livrarias a 13 de maio sob um manto de elogios: comovente, viciante, profundo, excitante e envolvente foram alguns dos elogios que recebeu. Mas o que explica que este livro tenha arrebatado tantos corações?

Simples: a saudade. A geração mixtape está velha e adora relembrar o passado. Assim, há frases que conquistam logo às primeiras páginas. Como estas: "- Uma canção perfeita tem um esqueleto mais forte [a personagem refere-se a Sara Smile, dos Hall & Oates]. Letra, acordes, melodia. Pode ser tocada de maneira diferente, produzida de maneira diferente, que vai quase sempre ser fantástica. Olha Both Sides, Now, por exemplo, se me permites que seja a típica rapariga num bar a falar de Joni Mitchell: qualquer cantora que não seja uma perfeita nódoa consegue fazer uma versão dessa música e deixar-nos arrepiados, não é?"

A personagem que pergunta é Percy. A que responderá logo a seguir é Joe. É quando a primeira ouve o segundo tocar um original que a história verdadeiramente começa. Antes, durante este diálogo, estão ambos num bar, nos anos 2000 (época em que frequentam a universidade). Percy ouve Joe e sente-se a assistir ao nascimento de uma estrela. Ao mesmo tempo, tem imensas opiniões sobre a forma como ele compõe e percebe que nunca estará ao lado dele - sempre atrás.

"Quando Joe pede a Percy a sua opinião, ela - que não tem talento musical, mas um bom gosto inato - engole o orgulho e ajuda-o com as suas críticas e opiniões. Inicia-se assim uma parceria que se estenderá por anos e colocará Joe no caminho da fama. Mas na origem de tudo, pulsa algo vibrante e elétrico, que tanto se aproxima do amor, como dispara rumo ao desgosto", diz-nos a sinopse.

Ler Deep Cuts é desejar ter sempre o Spotify e uns phones à mão. As referências a canções são constantes (Percy começa a escrever para uma revisa de música da universidade e estreia-se com uma crónica intitulada No Doubt é do Caraças, num momento especialmente gracioso da trama). Escrito num tom despretensioso, sem grandes floreados, Deep Cuts é um livro mais profundo do que pode parecer mas leve o suficiente para que a sua leitura possa ser descrita como puro entretenimento. 

Holly Brickley, a autora, nasceu no Canadá mas emigrou para os Estados Unidos com 18 anos para estudar Inglês na Universidade de Berkeley. Depois, fez um mestrado em Ficção na Universidade de Columbia. Hoje vive em Portland com o marido e as duas filhas. Foi lá que escreveu este Deep Cuts - Uma Música só Nossa, que saltou do computador para os tops de vendas em menos de nada. 

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