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Centenário de Luiz Pacheco celebrado em maio com um congresso

Exposições, conversas e leituras de textos do escritor são algumas das iniciativas do programa de celebrações, em Setúbal.

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Edição de 16 a 22 de setembro
Lusa 22 de abril de 2025 às 14:47
Alexandre Azevedo / Sábado

O centenário de Luiz Pacheco, escritor que cunhou a vida e obra com a reputação de "libertino", vai ser celebrado em Setúbal ao longo do ano com várias iniciativas, que terão num congresso de especialistas o seu momento alto.

As comemorações dos cem anos do autor, que nasceu a 7 de maio de 1925, em Lisboa, e morreu a 5 de janeiro de 2008, no Montijo, começam na quarta-feira e incluem ainda encontros, exposições, leituras públicas, lançamentos de projetos literários e conversas, anunciou a Câmara Municipal de Setúbal, cidade onde o escritor viveu durante largos períodos.

Integrado nas Comemorações dos 50 anos do 25 de Abril e no projeto municipal Venham Mais Vinte e Cincos, o programa "Luiz Pacheco 100" arranca oficialmente com o lançamento do projeto "Luiz Pacheco Passeia por Todo o Papel (1925-2025)", na Casa da Cultura, num evento centrado na resistência à censura, com a participação de vários investigadores.

O destaque da programação será o "Congresso Centenário Luiz Pacheco (1925-2025)", que reunirá especialistas e admiradores da obra do escritor em Setúbal e Palmela, nos dias 22 e 23 de outubro.

Organizado pelo projeto "Luiz Pacheco Passeia por Todo o Papel", o congresso conta com as parcerias das câmaras municipais de Setúbal e Palmela, do Centro de Literaturas e Culturas Lusófonas e Europeias da Universidade de Lisboa (CLEPUL), da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), da Casa da Liberdade -- Mário Cesariny, do Centro de Estudos Humanísticos da Universidade do Minho e do Centro de Literaturas Portuguesas.

A Casa da Cultura e a Biblioteca Municipal serão palco de diversas outras atividades, com a participação de professores, atores e investigadores, como é o caso do lançamento do projeto "Luiz Pacheco Passeia por Todo o Papel (1925-2025)", marcado já para quarta-feira, numa sessão dedicada aos temas "Bocage, Luiz Pacheco e Resistência aos Regimes de Censura".

No dia 9 de maio, a Casa da Cultura recebe uma sessão de leitura de "textos malditos" de Luiz Pacheco, interpretados pelas atrizes Lia Gama e Maria João Luís, numa iniciativa dos Artistas Unidos.

No dia seguinte, será inaugurada uma exposição que consiste numa instalação/livro a partir das ilustrações de Teresa Dias Coelho para o livroComunidade, de Luiz Pacheco, com curadoria de José Teófilo Duarte, e no dia 22 do mesmo mês, será apresentada a biografiaO Firmamento é Negro e Não Azul -- A Vida de Luiz Pacheco, da autoria do investigador António Cândido Franco.

Para o dia 26 de junho, está reservada a apresentação da obraDo Libertino, por Rui Sousa e Rosa Azevedo, com moderação de José Teófilo Duarte.

Em outubro, o "escritor maldito" sagra-se "autor do mês" e ganha uma exposição biobibliográfica e vídeo (sobre a sua vida e obra), que ficará patente de dia 1 a dia 31.

No mesmo mês, está prevista uma palestra em torno do escritor, com a participação de António Cândido Franco, e dez dias depois terá lugar uma sessão literária, subordinada ao tema "Bocage e Luiz Pacheco", na Casa Bocage.

Em novembro, no dia 27, a Casa da Cultura recebe duas sessões do Ciclo de Conversas 100 Anos de Luiz Pacheco, que inclui a projeção da peçaMorto o Cão, Acabou-se a Fúria -- A Vida de Luiz Pachecoe uma conversa com o ator Cláudio Silva.

A encerrar o programa, no dia 18 do mês seguinte, um novo ciclo de conversas "100 anos de Luiz Pacheco", dinamizado pelo investigador Rui Sousa.

O projeto das comemorações integra um conjunto de atividades a desenvolver até 2026 pelo CLEPUL, com financiamento da FCT e está associado ao projeto "UnderDig -- Surrealismo-Abjeccionismo em Portugal. Da folha volante ao mundo digital", da autoria de Rui Sousa.

Nascido Luiz José Gomes Machado Guerreiro Pacheco, escritor, editor, polemista, epistológrafo e crítico de literatura português, frequentou o primeiro ano do curso de Filologia Românica da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, mas acabou por desistir devido a dificuldades financeiras.

O escritor publicou dezenas de artigos em vários jornais e revistas, incluindo o antigoDiário Populare aSeara Nova, e fundou a editora Contraponto em 1950, na qual publicou obras de escritores como Raul Leal, Mário Cesariny, Natália Correia, António Maria Lisboa, Herberto Hélder e Vergílio Ferreira.

Dedicou-se também à crítica literária e cultural, ganhando fama como crítico irreverente, que denunciava a desonestidade intelectual e a censura imposta pelo regime do Estado Novo.

Comunidade, de 1964, considerada a sua obra-prima, mas tambémCarta-Sincera a José Gomes Ferreira, de 1958,O Teodolito, de 1962,Crítica de Circunstância, de 1966,Textos Locais, de 1967,Exercícios de Estilo, 1971, são algumas das muitas obras publicadas por Luiz Pacheco.

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