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Morreu Carlos Saura, o último realizador clássico do cinema espanhol

O cineasta tornou-se uma referência do cinema de autor a nível europeu pela sua calma e liberdade, presentes na sua longa filmografia, assim como a exploração das características do ser humano, através das relações afetivas e sociais ou a história de Espanha, tendo até lutado contra a censura durante a ditadura de Franco.

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Edição de 5 a 11 de agosto
Morreu Carlos Saura, o último realizador clássico do cinema espanhol
Débora Calheiros Lourenço 10 de fevereiro de 2023 às 17:59
Reuters

Carlos Saura morreu esta sexta-feira aos 91 anos na sua casa na serra de Madrid por insuficiência respiratória.

A sua morte, poucos dias depois de completar os 91 anos, representa o desaparecimento do último realizador do cinema clássico espanhol, grupo de realizadores que conta com nomes como Luis Buñuel ou Luis García Berlanga.

Carlos Saura tornou-se uma referência do cinema de autor a nível europeu pela sua calma e liberdade, presentes na sua longa filmografia, assim como a exploração das características do ser humano, através das relações afetivas e sociais ou a história de Espanha, tendo até lutado contra a censura durante a ditadura de Franco.

O realizador tinha também uma paixão por musicais que eram cobertos de géneros tradicionais como o flamenco, jota, tango, fados ou folclore argentino. Realizou uma trilogia dedicada às músicas ibéricas, que inclui um filme sobre o fado.Fadosestreou em 2007 e conta com a participação de importantes figuras portuguesas como Mariza, Camané, Carlos do Carmo e Carminho.

O primeiro filme de Carlos Saura chegou às salas de cinema em 1960,Los Golfos, e o último, eEl Rey de Todo el Mundo, em 2021.

Los Golfosestreou-se no Festival de Cannes e, em 1966, La Gazafoi premiado no Festival de Cinema de Berlim, momento em que alcançou um sólido reconhecimento internacional. Ao longo da sua carreira de sete décadas arrecadou ainda prémios como o Urso de Ouro da Berlinale ao Grande Prémio do Júri de Cannes, foi ainda indicado para os Óscares três vezes.

Segundo o presidente da Academia das Artes e Ciência Cinematográficas de Espanha, Fernando Méndez-Leite, este sábado Carlos Saura vai receber o prémio Goya de honra pela "sua extensa e altamente pessoal contribuição criativa para a história do cinema espanhol desde o final dos anos 1950 até hoje".

No final de 2020, Carlos Saura considerou que tinha descoberto o seu verdadeiro talento, a "imaginação", através da qual: "Consigo contar histórias de que gosto e acho que outras pessoas vão gostar". Afirmou ainda ser um surtido "que já realizou cerca de 50 filmes e que fez o cinema que queria".

Carlos Saura encontrava-se já num estado de saúde debilitado, depois de ter sofrido um AVC em 2022, no entanto manteve-se sempre a trabalhar e no passado dia 3 de fevereiro estreou um documentário,Las Paredes Hablan, sobre a evolução das artes presentes nas paredes, desde as cavernas pré-históricas até aograffiti.

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