Secções
Entrar

Tomás Correia pode deixar Montepio

20 de março de 2017 às 12:53

"Se alguma vez se colocar a possibilidade de transitar em julgado algo a meu desfavor, em qualquer tribunal, por quaisquer actos ilícitos, abdicarei do exercício das minhas funções. Estou profundamente convicto e seguro de que isso não vai acontecer", diz Tomás Correia

O presidente da Associação Mutualista Montepio Geral, Tomás Correia, afirmou hoje que abdicará das suas funções se se colocar a possibilidade de transitar em julgado algo a seu desfavor, mas sublinha estar "seguro" de que isso não acontecerá.

"Se alguma vez se colocar a possibilidade de transitar em julgado algo a meu desfavor, em qualquer tribunal, por quaisquer actos ilícitos, abdicarei do exercício das minhas funções. Estou profundamente convicto e seguro de que isso não vai acontecer", diz Tomás Correia, citado num comunicado.

As declarações do presidente da Associação Mutualista e do Grupo Montepio surgem na sequência de uma notícia hoje avançada pelo Jornal de Negócios, segundo o qual "Tomás Correia e oito ex-gestores da Caixa Económica Montepio são acusados pelo Banco de Portugal de irregularidades graves".

"Estou tranquilo relativamente ao desfecho destas, e de outras acusações que me foram dirigidas", frisa Tomás Correia no comunicado, entretanto enviado à comunicação social.

No documento, Tomás Correia diz que "não é difícil contextualizar as notícias num momento em que se questiona a separação da Caixa Económica do património que pertence aos Associados da Associação Mutualista".

"É precisamente para nos batermos contra esse tipo de correntes, que em nada favorecem o bom nome do Montepio e dos trabalhadores e gestores que aqui trabalham, que levarei até ao fim o mandato que me foi confiado, ao serviço de todos os Associados do Montepio", afirma o gestor.

O comunicado refere que uma vez que a notícia do Jornal de Negócios trata de "matéria sujeita a sigilo", "não é possível publicamente contrapor as matérias de facto da acusação", sendo por isso "a atitude e o carácter as únicas formas de ajudar a esclarecer e a afirmar o direito ao contraditório".

Já na semana passada, a Associação Mutualista tinha ficado marcada pela polémica, depois do jornal Público ter divulgado que a instituição tinha, no fim de 2015, capitais próprios negativos de 107,53 milhões de euros.

Em conferência de imprensa, Tomás Correia lamentou a mesma notícia, garantindo que não há risco de falência da associação.

A Associação Mutualista Montepio Geral também divulgou na terça-feira que obteve lucros de 7,4 milhões de euros em 2016, contra o prejuízo de 393,1 milhões de euros registados em 2015.

Também o ministro do Trabalho e Segurança Social, Vieira da Silva, que tutela a Associação Mutualista, já veio dizer que acredita que esta entidade "vai continuar" a desenvolver "com eficácia e competência" as suas responsabilidades e não vê razão para duvidar das afirmações da direcção da associação.

A instituição é liderada por Tomás Correia, que durante anos acumulou a liderança da Caixa Económica, da qual saiu no verão de 2015, quando o Banco de Portugal (BdP) forçou a separação da gestão.

Já o banco mutualista é desde então presidido por Félix Morgado e é conhecido que a relação entre os dois responsáveis não tem sido fácil.

Descubra as
Edições do Dia
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui , para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana.
Boas leituras!
Artigos recomendados
As mais lidas
Exclusivo

Operação Influencer. Os segredos escondidos na pen 19

TextoCarlos Rodrigues Lima
FotosCarlos Rodrigues Lima
Portugal

Assim se fez (e desfez) o tribunal mais poderoso do País

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela
Portugal

O estranho caso da escuta, do bruxo Demba e do juiz vingativo

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela