Prisa com prejuízos de 209 milhões até setembro com deteriorações de 77 milhões da Media Capital
Os resultados nos primeiros nove meses do ano "viram-se afetados, em conformidade com o esperado, pela crise da Covid-19, sobretudo no negócio dos media".
A Prisa registou prejuízos de 209 milhões de euros até setembro como consequência do impacto da Covid-19 e das deteriorações de 77 milhões de euros decorrentes da venda da Media Capital, entre outros, anunciou esta quarta-feira a empresa.
"O resultado líquido lança perdas de 209 milhões como consequência do impacto da Covid-19, das deteriorações de 77 milhões procedentes do acordo de venda da Media Capital, da deterioração da totalidade dos créditos fiscais pendentes em Espanha, avaliados em 64,55 milhões, e das deteriorações de 21,9 milhões dos ativos da rádio no México e no Chile", refere a Prisa, que tem uma posição de cerca de 64% na dona da TVI através da Vertix.
Os resultados nos primeiros nove meses do ano "viram-se afetados, em conformidade com o esperado, pela crise da Covid-19, sobretudo no negócio dos media", refere o grupo espanhol, apontando que a pandemia "teve um efeito negativo de 166 milhões nas receitas e de 119,4 milhões no EBITDA [resultado antes de impostos, juros, depreciações e amortizações]", adianta a dona do El País.
Como consequência, "o EBITDA ascende aos 82 milhões no fim de setembro, o que representa uma descida de 50% em relação ao mesmo período do ano anterior, que foi de 165 milhões".
A Prisa adianta que "realizou um grande esforço na contenção de custos, atingindo, em setembro, 80% do cumprimento total do plano de contingência implementado em todas as unidades de negócio para atenuar os efeitos negativos da Covid-19" e prevê que, "no final do ano, este plano de poupança supere os 40 milhões comprometidos".
O grupo espanhol refere ainda que o câmbio "também teve um efeito negativo de 44 milhões nas receitas e de 5,4 milhões no EBITDA, devido às desvalorizações no México, Argentina e Brasil".
No final de setembro, a dívida líquida bancária era de 1.107 milhões de euros, um rácio da dívida líquida/EBITDA de 7,8 vezes, o que, "com as operações anunciadas na semana passada (refinanciamento da dívida e venda do negócio da educação em Espanha), esse número ficaria nas 6,7 vezes", lê-se no comunicado.
A Prisa salienta que o seu projeto estratégico, focado nos negócios digitais e de subscrição, tanto na área da educação na América Latina como nos media, "está a revelar bons resultados".
No final de setembro, a Santillana (área da educação) registava um total de 1.726.000 alunos digitais, um aumento de 20% face igual período de 2019.
"Enquanto isso, o El País obteve 117.421 assinantes (71.021 exclusivamente digitais), após lançar o modelo de pagamento no início do mês de maio, e a rádio alcançou, em setembro, 61,2 milhões de horas de 'streaming' consumidas (com um aumento de 12%) e 25,4 milhões de 'downloads' de 'podcasts' (com uma subida de 63%)", prossegue a empresa.
"Com tudo isto, as receitas digitais aumentaram 26% na contribuição para as receitas totais da Prisa", salienta.
O segmento Prisa rádio sofreu o impacto da covid-19 devido às quebras de publicidade, tanto em Espanha como na América Latina.
"As receitas deste período alcançam os 122,5 milhões de euros, contra os 196,4 milhões obtidos no mesmo período do ano anterior, o que representa uma descida de 37,6%", sendo que em Espanha, "o terceiro trimestre revela uma queda nas receitas de 17%, com melhor comportamento do que no segundo, quando a descida foi de 50%".
O EBITDA até setembro é de 6,2 milhões de euros negativos, contra 41,8 milhões positivos um ano antes.
A Prisa Rádio é o "maior grupo radiofónico em espanhol", com presença em 10 países e com mais de 21 milhões de ouvintes.
Por sua vez, a Prisa Notícias registou uma queda das receitas publicitárias de 28,1%, enquanto na venda de exemplares a diminuição foi de 22%.
"Tal como sucede na rádio, o terceiro semestre revela uma menor quebra de receitas (21,7%) do que foi registado no segundo (38,9%)" e as receitas digitais representam 41% do total, "aumentando a sua contribuição em 25%".
O EBITDA foi negativo em 17 milhões de euros, contra os 1,1 milhões positivos do mesmo período do ano anterior.
"A Covid-19 tem um impacto negativo nas receitas de 40,2 milhões e de 32,3 milhões em EBITDA", refere a Prisa.
O ARPU (receita média por cliente) no El País é "perto dos nove euros".
Além disso, "o diário conta com mais de três milhões de utilizadores registados, revelando um grande crescimento desde o lançamento da leitura com registo", aponta a Prisa.
"O AS, líder mundial de língua espanhola na informação desportiva, consegue com que 90% das suas receitas publicitárias já sejam digitais", salienta.
Na semana passada, a Prisa anunciou duas operações consideradas "essenciais" para o desenvolvimento do seu plano futuro: "o acordo de refinanciamento da dívida e a venda do negócio da educação em Espanha".
O acordo de refinanciamento da dívida representa "o alargamento do vencimento até março de 2025, com um custo inicial de 5,5% e um custo total médio de 7% durante a vigência do contrato" e "contempla a amortização de 400 milhões de dívida (sendo que a dívida líquida total reduz em mais de 30%) e estabelece o marco para uma futura separação efetiva dos negócios da Educação e Media", salienta a Prisa.
"Com este refinanciamento, a empresa contará com cerca de 275 milhões para reforçar a liquidez e facilitar o desenvolvimento dos planos futuros dos seus negócios", assevera o grupo.
O preço da venda do negócio espanhol da Santillana é de 465 milhões e a venda gerará "uma mais-valia estimada em 385 milhões de euros".
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