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Pressionado pela guerra comercial, BCE desce juros pela sétima vez. Taxa cai para 2,25%

Jornal de Negócios 17 de abril de 2025 às 20:08

A autoridade monetária da Zona Euro avançou esta quinta-feira com um corte de juros de 25 pontos-base, em linha com o esperado.

Em pleno tumulto nos mercados financeiros devido à guerra comercial, o Banco Central Europeu (BCE) voltou a cortar as taxas de juro. A decisão tomada esta quinta-feira no encontro do conselho de governadores significa a sétima redução consecutiva, que leva a taxa de referência para 2,25%, e segue em linha com o esperado por analistas e investidores.

BCE

"O conselho do Banco Central Europeu (BCE) decidiu hoje [quinta-feira] reduzir as três taxas de juro diretoras do BCE em 25 pontos base. Em particular, a decisão de reduzir a taxa de juro aplicável à facilidade permanente de depósito – a taxa através da qual o Conselho do BCE define a orientação da política monetária – baseia-se na avaliação atualizada do Conselho do BCE das perspetivas de inflação, da dinâmica da inflação subjacente e da força da transmissão da política monetária", anunciou a autoridade monetária em comunicado.

Justificou a decisão com um "processo desinflacionista" que diz estar "bem encaminhado". O Eurostat confirmou esta quarta-feira que o índice harmonizado de preços no consumidor (IHPC) da Zona Euro abrandou, em termos homólogos, para 2,2% em março. Este foi o segundo mês consecutivo de desaceleração da inflação entre os países da moeda única. E o índice relativo aos serviços, que até aqui tem vindo a "alimentar" a inflação, registou a maior desaceleração desde o verão do ano passado.

A presidente do BCE, Christine Lagarde, até tinha preparado o terreno, em março, para uma eventual pausa nos juros, mas ficou impossibilitada de avançar neste sentido depois de o Presidente dos Estados Unidos, Donaldd Trump, ter lançado uma guerra comercial que não só poderá alterar toda a ordem comercial mundial como comprometer o crescimento económico global.

A expectativa é que a autoridade monetária tenha agora de cortar taxas e poderá ter de o fazer ainda mais vezes. Os mercados monetários apontam para mais duas descidas (além da decidida esta quinta-feira) em junho e julho, que levem o juro de referência até aos 1,75%. Há, ainda assim, analistas que admitem ainda mais reduções caso haja uma escalada da guerra comercial.

No comunicado desta quinta-feira, o banco central avisa que "a economia da área do euro tem vindo a reforçar a sua resiliência a choques mundiais, mas as perspetivas de crescimento deterioraram-se devido às crescentes tensões comerciais". É, por isso, "provável" que a incerteza acrescida reduza a confiança das famílias e das empresas e que "a reação adversa e volátil do mercado às tensões comerciais conduza a um aumento da restritividade das condições de financiamento", indica. "Estes fatores podem afetar ainda mais as perspetivas económicas para a área do euro".

As próximas projeções económicas do BCE serão conhecidas em junho. Nas mais recentes, atualizadas no mês passado, o "staff" do banco central reviu em baixa a sua estimativa de crescimento da Zona Euro para 0,9% este ano e para 1,2% no próximo (menos 0,2 pontos percentuais em cada ano), tendo mantido a projeção de 1,3% em 2027. A previsão para a inflação deste ano também subiu, devido aos preços mais elevados da energia, antecipando que o índice harmonizado de preços no consumidor desça para 2,3% este ano, abaixo da descida esperada em dezembro que colocava o indicador em 2,1%. Manteve a projeção para a evolução do IHPC nos 1,9% em 2026 e desceu para 2% a previsão para 2027.

"O Conselho do BCE está determinado a assegurar que a inflação estabiliza, de forma sustentada, no seu objetivo de médio prazo de 2%. Especialmente nas atuais condições de excecional incerteza, seguirá uma abordagem dependente dos dados e reunião a reunião para decidir a orientação apropriada da política monetária. Mais especificamente, as decisões do Conselho do BCE sobre as taxas de juro basear-se-ão na sua avaliação das perspetivas de inflação, à luz dos dados económicos e financeiros que forem sendo disponibilizados, da dinâmica da inflação subjacente e da força da transmissão da política monetária", acrescenta.

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