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Ex-presidente do atletismo mundial condenado a quatro anos de prisão por corrupção

16 de setembro de 2020 às 15:24

Antigo dirigente admitiu ter decidido suspender processos disciplinares por doping contra a atletas russos para "salvar a saúde financeira" do organismo que liderou.

O senegalês Lamine Diack, antigo presidente da Associação Internacional das Federações de atletismo, atual World Ahletics, foi hoje condenado a quatro anos de prisão, dois dos quais efetivos, por corrupção à frente do organismo.

Lamine Diack, que esteve à frente da então designada IAAF entre 1999 e 2015 foi condenado por um tribunal de Paris pelo crime de corrupção, num esquema que visava ocultar os casos de doping na Rússia.

O senegalês, de 87 anos, considerado culpado de corrupção ativa e passiva, e de abuso de confiança, foi ainda multado no teto máximo de 500.000 euros, numa sentença que é passível de recurso, e que, de acordo com o advogado, será entregue.

Em junho, o antigo dirigente admitiu em tribunal ter decidido suspender processos disciplinares por doping contra a atletas russos para "salvar a saúde financeira" do organismo que liderou.

"A saúde financeira [da IAAF] tinha de ser protegida e eu estava pronto a fazer esse compromisso", disse o senegalês.

Diack, a principal figura no processo que envolve acusações de corrupção, abuso de poder, lavagem de dinheiro e associação criminosa, negou qualquer relação entre a "gestão" dos casos de doping russos e um financiamento de 1,5 milhões de dólares (cerca de 1,3 milhões de euros) para as eleições de 2012.

Durante a fase de investigação, Diack já tinha admitido que as sanções à Rússia foram "geridas" para não manchar a imagem do país antes do Mundiais de 2013, disputados em Moscovo, numa altura em que a IAAF negociava contratos de patrocínios e transmissões televisivas.

O adiamento de algumas sanções permitiu que alguns atletas participassem nos Jogos Olímpicos Londres2012 e conquistassem várias medalhas.

Nas sentenças hoje conhecidas, a seis arguidos, a mais pesada foi para o filho do antigo presidente, Papa Massata Diack, que permanece em Dacar e se recusou a comparecer em tribunal, que o condenou a cinco anos de prisão efetiva.

O filho de Lamine Diack foi também condenado a uma multa de um milhão de euros e tem sobre si um mandado de detenção.

Em relação aos restantes acusados, o antigo responsável antidoping da IAAF, Gabriel Dollé, foi condenado a dois anos de prisão suspensa e 140.000 euros de multa, e um advogado e conselheiro de Lamine Diack, Habib Cissé, a três anos, um dos quais efetivos, e 100.000 euros, numa condenação que 'atingiu' ainda dois responsáveis russos, ausentes do julgamento.

As condenações afetam ainda o antigo presidente da federação russa de atletismo, Valentin Balakhnitchev, e o antigo treinador Alexei Melnikov, ambos condenados a três anos, dois dos quais efetivos, existindo um mandado de detenção pendente.

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