64% DAS PESSOAS GOSTARIAM DE FAZER MAIS REFEIÇÕES À MESA COM A FAMÍLIA
Um estudo da Pitagórica para
a Associação Portuguesa de Nutição (APN) e o Continente revela que, apesar de
muitas pessoas em Portugal manterem o hábito de almoçar ou jantar em casa, há
sinais preocupantes à mesa: o uso de ecrãs entre os mais jovens e o isolamento
crescente dos mais velhos.
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Convívio à mesa e oradores como Margarida Graça Santos e Filipa Appleton
Rita Marques da Silva, diretora técnica da Pitagórica, fala sobre convívio à mesa
Alexandra Antunes e Filipa Appleton num evento sobre refeições em família
Em
Portugal, comer à mesa sempre foi mais do que uma necessidade; é um momento de
encontro, partilha e tradição. No entanto, as mudanças no estilo de vida e a
presença constante de dispositivos eletrónicos estão a transformar esta
prática.
Segundo
um estudo realizado pela Pitagórica para a Associação Portuguesa de Nutrição
(APN) e o Continente, a grande maioria dos inquiridos (67%) almoça
habitualmente em casa, um hábito que cresce com a idade e que é mais frequente
no Norte (70%) e entre as mulheres (69%), ainda que 45% afirme que almoça
maioritariamente sozinho, dentro ou fora de casa. O jantar é ainda mais
caseiro: 85% fazem-no em casa e 67% estão acompanhados.
Apesar
disso, 64% dos inquiridos gostariam de fazer mais refeições à mesa com a
família, o que mostra que o valor simbólico e afetivo da mesa continua
presente, mesmo que nem sempre se concretize no dia a dia. Esta vontade é ainda
mais expressiva entre quem tem filhos em casa, evidenciando que as refeições
continuam a ser vistas como momentos de convívio e ligação emocional, onde se
alimentam também as relações, embora não aconteçam com a frequência desejada.
Embora
80% reconheçam que a refeição é um momento importante de diálogo e convívio, e
67% afirmem que comem melhor quando estão acompanhados, 1 em cada 3
pessoas janta mais vezes sozinha do que acompanhada. Entre os idosos, 31%
afirmam jantar sozinhos. Já entre os mais jovens, sobretudo nas áreas
metropolitanas, a relação com as refeições é mais fragmentada: horários
desencontrados, refeições fora de casa e a presença constante de ecrãs.
À mesa, os ecrãs também se sentam
O
uso de dispositivos eletrónicos é mais comum ao almoço, enquanto ao jantar a
televisão assume o papel de “companhia de fundo”. Cerca de metade dos
inquiridos vê televisão durante o jantar, esteja ou não acompanhado. 56%
almoça em menos de 30 minutos e essa percentagem baixa para 44% ao jantar. Cerca
de 44% utiliza com muita frequência telemóveis ou tablets às refeições, subindo
para 70% entre os 18 e os 34 anos.Sinais de mudança positiva
Apesar
dos desafios, há sinais encorajadores: quando questionados sobre alterações no
último ano, verifica-se um aumento das refeições feitas com quem se vive e uma
redução das refeições a sós ou com amigos fora de casa. Também se verifica uma
diminuição no uso de ecrãs durante as refeições, o que pode indicar uma vontade
crescente de recuperar o tempo partilhado à mesa.
Por
outro lado, há mais 9% de pessoas a dizer que neste último ano almoçaram ou
jantaram menos com amigos e família alargada do que em 2024, do que aquelas que
afirmam o contrário.
Natal: o regresso à mesa em família
Na
quadra natalícia, os hábitos mudam. Mais de 70% dos inquiridos passam a
consoada e o dia 25 com a família próxima, mantendo viva a tradição de reunir
várias gerações à mesa. Ainda assim, 1 em 15 pessoas afirma que irá passar a
Consoada sozinha.
Em
resumo, 74% dos inquiridos consideram importante fazer refeições em família e
73% acreditam que as refeições são o principal momento de encontro familiar. A
forma como se come tem quase tanto impacto na saúde como aquilo que se come.
Uma refeição tranquila, com conversa e partilha, contribui para o bem-estar de
toda a gente. Por isso, se a vida passa a comer, que passe mais vezes como no
Natal: à mesa, com todos.
FICHA
TÉCNICA: Estudo realizado pela Pitagórica, com recolha online entre 16 e 24 de
outubro de 2025. Amostra representativa da população com18 ou mais anos, de
ambos os géneros, residente em Portugal Continental ou Ilhas (n=1000).
NOTA:
Este estudo foi submetido e aprovado pela Comissão de Ética do IUCS-CESPU, sob
o Parecer n.º 33/CE-IUCS/2025.
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