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Boas notícias: ações de conservação travam a perda de biodiversidade

Luana Augusto 29 de abril de 2024 às 07:00

Estudo publicado na revista Science mostrou como as atividades de conservação podem abrandar o declínio da biodiversidade, num momento em que cerca de 44 mil espécies se encontram em vias de extinção.

Uma análise da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN),publicado esta sexta-feira na revista Science, revelou que as ações de conservação da natureza estão realmente a travar a perda de biodiversidade e a reduzir os efeitos das alterações climáticas. Com o apoio da Universidade de Oxford, a descoberta vem agora oferecer um "raio de luz" para aqueles que trabalham para a proteção dos animais e das plantas, aponta o canal britânico BBC. 

REUTERS/Raquel Cunha

Atualmente, encontram-se em vias de extinção mais de 44 mil espécies, e graças às alterações climáticas, à perda dehabitatse à propagação de espécies invasoras, a taxa de extinção é agora entre 100 a 1000 vezes mais rápida do que o esperado pelos cientistas - o que alimenta os receios de o mundo estar a viver uma extinção em massa pela sexta vez. Embora em 2022 quase 200 países tenham assinado o Quadro Global da Biodiversidade e contribuído com 121 mil milhões de dólares (113 mil milhões de euros) para travar o declínio da natureza até ao final da década, não estava provado que as ações de conservação eram eficazes.

Através desta análise, foram escrutinados 665 ensaios sobre o impacto das intervenções de conservação e concluiu-se que as ações de conservação têm de facto um contributo positivo para a manutenção da biodiversidade.

De acordo com o estudo O impacto positivo da ação de conservação, atividades como o restauro de espécies, a erradicação ou o controlo de espécies invasoras melhoraram o estado da biodiversidade, ou abrandaram o seu declínio, em 66%.

"Seria muito fácil perder qualquer sentido de otimismo face ao declínio contínuo da biodiversidade. No entanto, os nossos resultados mostram claramente que há espaço para esperança. Na maioria das vezes, as intervenções de conservação pareciam ser uma melhoria em relação à inação",afirmou Joseph Bull, professor do departamento de Biologia da Universidade de Oxford e coautor do estudo.

Entre os vários sucessos provenientes das ações de conservação, o estudo destacou, por exemplo, o êxito imediato da nidificação das tartarugas cabeçudas na Flórida graças à gestão de predadores invasivos e problemáticos. Além disso, sabe-se que na Bacia do Congo a taxa de desmatamento caiu 74% após a introdução de planos de gestão.

Ainda assim o estudo não deixou de ser transparente quanto aos insucessos: algumas atividades de conservação acabaram por não ser tão bem sucedidas. Aconteceu, por exemplo, na Índia, onde a remoção de algas invasoras fez com que algumas se dispersassem para outros locais. Já noutros casos em que a ação de conservação não conseguiu beneficiar a espécie-alvo, outras espécies nativas acabaram por sair involuntariamente favorecidas.

Os cientistas alertam assim para um maior investimento especialmente na gestão das áreas protegidas e apelam à realização de mais estudos, de modo a que o impacto das intervenções de conservação seja avaliado de uma forma mais ampla.

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