Secções
Entrar

Helena Almeida: Obra inovadora, com talento e sabedoria

26 de setembro de 2018 às 18:59

A historiadora de arte Raquel Henriques da Silva considerou que a obra da artista plástica Helena Almeida, que morreu esta quarta-feira, em Lisboa, é "inovadora, tem talento, e sabedoria extraordinárias".

A historiadora de arte Raquel Henriques da Silva considerou, em declarações à agência Lusa, que a obra da artista plástica Helena Almeida, que morreu esta quarta-feira, em Lisboa, é "inovadora, tem talento, e sabedoria extraordinárias".

"Na opinião do meio da crítica nacional e internacional, Helena Almeida é um dos vultos mais importantes da história da arte portuguesa da segunda metade do século XX", avaliou.

A artista plástica Helena Almeida, de 84 anos, morreu hoje, em Lisboa, disse à agência Lusa fonte da galeria que a representa, Galeria Filomena Soares.

"É uma obra absolutamente extraordinária, que foi marcada, desde o início dos anos 1970, por uma grande originalidade, quando passa da pintura - sem a abandonar - para a fotografia. É profundamente inovadora na cena nacional e internacional, com o facto de ter usado a fotografia do seu corpo", acrescentou.

Recordou, como exemplos de originalidade, as fotografias em que Helena Almeida usava a pintura em manchas azuis nas fotografias em que aparecia a 'comer' essas manchas.

"Ela 'comia a pintura'", assinalou, acrescentando que, a partir dos anos 1990, Helena Almeida acrescentou um dado novo no seu trabalho que foi o uso do vídeo.

Recordou ainda a colaboração de cinquenta anos com o marido, o arquiteto e escultor Artur Rosa, que fotografou todo o seu trabalho.

"Foi uma parceria especial, até porque, nestes casos de casais de artistas, são os homens que se sobrepõem", comentou, recordando ainda a "grande beleza" da artista, que "continuou a retratar o seu corpo, mesmo já envelhecido, com grande dignidade".

Helena Almeida criou, a partir dos anos 1960, uma obra multifacetada, sobretudo na área da fotografia, tornando-se uma figura destacada no panorama artístico português contemporâneo.

As fotografias de Helena Almeida, com formação em pintura, foram sempre registadas pelo marido, o arquiteto e escultor Artur Rosa, também nascido em Lisboa, em 1926.

Helena Almeida nasceu em Lisboa, em 1934, cidade onde vivia e trabalhava, e estudou Pintura na Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa, começando a expor individualmente em 1967, na Galeria Buchholz.

A artista representou Portugal na Bienal de Veneza por duas ocasiões: em 1982 e em 2005, e em 2004, participou na Bienal de Sidney.

Nos últimos anos, a sua obra tem sido exibida no âmbito de exposições individuais e coletivas em museus e galerias nacionais e internacionais.

Em 2015, apresentou uma exposição individual itinerante Corpus na Fundação de Serralves (2015), em Paris (2016), em Bruxelas (2016) e Valência (2017).

Em 2017, apresentou igualmente a exposição individual "Work is never finished" no Art Institute, em Chicago.

A sua obra está presente em coleções portuguesas e internacionais como: Coleção Berardo, Lisboa; Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa; Fundação Serralves, Porto; Centro de Artes Visuales, Fundación Helga de Alvear, Cáceres; Fundación ARCO, Madrid; Hara Museum of Contemporary Art, Tóquio; MEIAC - Museo Extremeno e Iberoamericano de Arte Contemporáneo, Badajoz; Museu de Arte Contemporânea de Barcelona; Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofía, Madrid; MUDAM - Musée d'Art Moderne Grand-Duc Jean, Luxemburgo; Tate Modern, Londres.

Descubra as
Edições do Dia
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui , para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana.
Boas leituras!
Artigos recomendados
As mais lidas
Exclusivo

Operação Influencer. Os segredos escondidos na pen 19

TextoCarlos Rodrigues Lima
FotosCarlos Rodrigues Lima
Portugal

Assim se fez (e desfez) o tribunal mais poderoso do País

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela
Portugal

O estranho caso da escuta, do bruxo Demba e do juiz vingativo

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela