Sábado – Pense por si

O pesadelo prometido

26 de maio de 2011 às 12:30

Há uma palavra que está ausente da campanha eleitoral: sonho.

Esse é o grande défice que os partidos estão a oferecer aos portugueses. Com os olhos fixos nas sondagens os partidos estão a esquecer que qualquer projecto precisa de uma dose de sonho para prosperar, para crescer e para se concretizar. O sonho não é realidade, mas ajuda a construí-la. Sem ele as sociedades ficam presas nas necessidades imediatas e esgotam as suas energias a tentar disfarçar o mal-estar. Para além de combater o défice e pagar a dívida, de reformar um Estado anafado e centralista e de criar um novo modelo económico, a elite tem de oferecer algo em troca de pedir um contínuo apertar do cinto. Enfrentar a realidade não é fácil. Às vezes a classe política gosta de evitá-la e entreter-se a discutir banalidades. O problema actual não deriva apenas da crise mundial mas da gestão dessa crise feita pelo Governo: negando-a, ocultando-a com medidas laterais e depois assinando um plano imposto de fora que vai repartir de forma desigual os sacrifícios durante anos. A política pode exigir sacrifícios em nome de um valor maior, a nação, mas deve oferecer em troca o sonho de uma vida digna ou melhor. É isso que não se vislumbra nesta campanha. O sonho está a ser substituído pelo terrível sabor do óleo de fígado de bacalhau, típico de quando não se tem um destino para propor. Mais do que financeiro e económico o problema de Portugal é cultural. Não sabe o que quer ser depois da crise. E nenhum político lhe indica o caminho. Em vez de um sonho está a oferecer-se aos portugueses um pesadelo. E isso serve para quê?

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