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Fogos na Austrália são os segundos mais destrutivos

08 de janeiro de 2020 às 07:21

Só em Nova Gales do Sul, os fogos destruíram já mais de cinco milhões de hectares de acordo com a estimativa mais recente dos Serviços de Incêndios Rurais australianos.

A atual época de fogos na Austrália, responsável pela morte de 25 pessoas e a destruição de uma área maior que Portugal, foi a segunda mais destrutiva, mas não a mais mortífera na história do país.

Quase todos os estados e territórios australianos, com exceção da região de Camberra, foram afetados pelos fogos que desde final de outubro, mas especialmente desde a semana antes do Natal, com cerca de 13 milhões de hectares já queimados.

Só em Nova Gales do Sul, os fogos destruíram já mais de cinco milhões de hectares, uma área maior do que os Países Baixos, de acordo com a estimativa mais recente dos Serviços de Incêndios Rurais (RFS) australianos.

Nas últimas semanas, os incêndios tiveram particular impacto em zonas urbanas, com a estimativa mais recente do RFS a referir que quase 1.800 casas foram destruídas, número que ultrapassa as 2.000 em todo o país.

O número total ainda não é conhecido porque em várias zonas as populações ainda não voltaram para casa.

Algumas localidades na costa sul do estado ficaram mais de 70% destruídas, com muitas regiões sem energia e acesso a serviços, muitos habitantes locais retirados, populações desalojadas e sem certeza de quando podem regressar.

Apesar de alguma chuva ajudar a controlar muitos dos fogos, especialmente na costa sul, os serviços meteorológicos anteciparam uma subida da temperatura no final da semana, o que faz aumentar o risco de novos incêndios.

No estado de Vitoria, a zona de maior preocupação é a do noroeste, onde equipas de bombeiros continuam a tentar controlar vários incêndios ativos, com várias medidas preventivas em curso.

Uma das zonas mais afetadas foi Malacoota, onde praticamente toda a população foi retirada com apoio das forças armadas.

Equipas internacionais de bombeiros, nomeadamente da Nova Zelândia, dos Estados Unidos e do Canadá, estão já a trabalhar para apoiar os bombeiros australianos.

Ainda assim e apesar da situação, a atual época de incêndios não foi nem a mais mortífera, nem a de maior destruição.

De acordo com o académico Stephen Pyne, autor de um livro sobre a história de fogos na Austrália, os fogos mais mortíferos de que há registo ocorreram em 2009, num dia que ficou conhecido como "Sábado Negro", em que morreram 173 pessoas.

Nesse sábado, 07 de fevereiro, 400 fogos afetaram 78 localidades no estado de Vitoria, num período de seca prolongado, ventos fortes e temperaturas perto dos 43 graus.

Esses fogos destruíram 3.000 casas e deixaram quase 12 mil cabeças de gado mortas.

Em termos de destruição, o maior registo remonta a 1974 quando se estima que fogos na zona central do país destruíram mais de 117 milhões de hectares, mais de dez vezes a área de Portugal.

No caso destes últimos, os fogos ocorreram em zonas remotas e sem afetar muitas comunidades, com a dimensão dos danos a serem notados apenas posteriormente.

Pyne notou que o número de fogos maciços e de grande destruição tem vindo a aumentar nas últimas décadas, sublinhando que isso sugere um impacto adicional das alterações climáticas, a potenciar riscos que neste período do ano já são elevados.

Em 2003, os incêndios destruíram mais de 70% das zonas de pasto, florestas e parques naturais, 488 casas e causaram quatro mortos no território de Camberra.

No "Natal Negro" de 2001, cerca de 800 mil hectares em Nova Gales do Sul e Camberra foram destruídos pelas chamas, que duraram 23 dias.

Outro registo histórico é o de 16 de fevereiro de 1983, em que os incêndios mataram 47 mortos em Victoria e 28 no Sul da Austrália, com mais de 300 mil hectares e milhares de casas destruídas.

Em 07 de fevereiro de 1967, na Tasmânia, 62 pessoas morreram nos fogos e 900 ficaram feridas, enquanto em Victoria, em 13 de janeiro de 1939, as chamas causaram 71 mortos e destruíram mais de dois milhões de hectares.

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