Tancos: Deputado do PS garante que não foi contactado pelas autoridades
Tiago Barbosa Ribeiro recusou comentar a acusação do Ministério Público, que diz que o deputado recebeu uma mensagem do ex-ministro em que este assumia que sabia a forma como foram recuperadas as armas roubadas na base militar de Tancos.
O deputado socialista Tiago Barbosa Ribeiro recusou-se este domingo, em Gaia, a falar sobre a mensagem escrita que terá recebido do ex-ministro Azeredo Lopes referente ao caso de Tancos, frisando que não foi contactado por nenhuma autoridade policial ou judicial.
Tiago Barbosa Ribeiro, dirigente socialista que se recandidata a deputado nas eleições legislativas pelo círculo do Porto, assumiu esta posição em declarações aos jornalistas momentos antes de uma ação de campanha do secretário-geral do PS, António Costa, junto à praia de Arcozelo, no município de Gaia.
Segundo o Ministério Público, o deputado socialista Tiago Barbosa Ribeiro terá recebido no seu telefone uma mensagem escrita do ex-ministro da Defesa Nacional Azeredo Lopes, em que este assumia que sabia a forma como foram recuperadas as armas roubadas na base militar de Tancos.
Tiago Barbosa Ribeiro salientou que não tem "nada a dizer sobre essa matéria", alegando que Tancos se trata de "um processo judicial". "O que conheço sobre esse processo é aquilo que tem vido a ser veiculado pela comunicação social. É um processo que não me diz diretamente respeito. Portanto, nada tenho a acrescentar relativamente a isso", declarou.
Questionado se confirma o teor da mensagem escrita que recebeu de Azeredo Lopes e se não deveria tê-la comunicado à comissão parlamentar de inquérito sobre o caso de Tancos, Tiago Barbosa Ribeiro insistiu que não faria qualquer comentário sobre o processo.
"Compreendo a curiosidade, mas é um processo que não me diz respeito", disse, antes de deixar outra nota: "Não fui ouvido por nenhuma autoridade, não fui contactado por nenhuma autoridade". "Como tal, nada tenho a acrescentar sobre esta matéria", reiterou.
O caso de Tancos continua a ser o tema da campanha eleitoral para as legislativas, com o CDS-PP a propor, no sábado, que o Ministério Público investigue as declarações de António Costa no parlamento e uma nova comissão de inquérito. Por sua vez, o presidente do PSD, Rui Rio, acusou o PS de não saber "o que há de dizer" relativamente a Tancos e, usando a ironia, pediu ao secretário-geral socialista para apresentar uma lista dos assuntos sobre os quais poderá falar na campanha.
O porta-voz do PAN, André Silva, concorda com a criação de uma segunda comissão de inquérito ao caso de Tancos, mas criticou a "politização" e "aproveitamento político" do processo judicial. Já na sexta-feira, o secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, mostrou "toda a disponibilidade" para uma nova comissão de inquérito ao caso de Tancos.
Por sua vez, a coordenadora do Bloco de Esquerda considerou que a campanha eleitoral "não permite que haja 'achismos' sobre matérias tão graves" como o caso de Tancos e sustentou que "ninguém está acima da lei" e que "a justiça tem de fazer o seu caminho".
O Ministério Público acusou esta semana 23 pessoas, entre elas o ex-ministro da Defesa, José Azeredo Lopes, suspeito de envolvimento numa operação encenada pela PJM para a recuperação do material furtado, mediante um acordo de impunidade aos autores do furto.
Os arguidos são acusados de crimes como terrorismo, associação criminosa, denegação de justiça, prevaricação, falsificação de documentos, tráfico de influência, abuso de poder, recetação e detenção de arma proibida.
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