Secções
Entrar

Questões de saúde pública justificariam divulgar análises ao Tejo

10 de fevereiro de 2018 às 13:43

O Ministério Público notificou a Inspecção-Geral da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território de que os elementos recolhidos no âmbito do inquérito sobre a poluição no Tejo estão em segredo de justiça.

As associações ambientalistas defendem a necessidade respeitar a decisão do Ministério Público que colocou em segredo de justiça o inquérito à poluição no rio Tejo, ainda que entendam que por questões de saúde pública os resultados deveriam ser públicos.

1 de 5
Foto: LUSA
Foto: LUSA
Foto: LUSA
Foto: LUSA
Foto: LUSA

"A Quercus lamenta que esteja em segredo de justiça, mas se é uma ordem judicial temos que aceitar isso. Nós achamos que devia ser divulgado, que é uma informação relevante para a opinião pública, mas não só. Por questões de segurança e saúde pública os valores deviam ser conhecidos", disse à Lusa o presidente da Quercus, João Branco, que entende que "as pessoas têm o direito de saber o que se passa com a água dos rios".

O Ministério Público notificou a Inspecção-Geral da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território de que os elementos recolhidos no âmbito do inquérito sobre a poluição no Tejo estão em segredo de justiça.

Em nota divulgada na sexta-feira, a Inspecção-Geral da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território (IGAMAOT) explica que recebeu uma notificação do Departamento de Investigação e Ação Penal de Castelo Branco sobre o inquérito por crime de poluição no rio Tejo, na qual se lia que "todos os elementos já coligidos, bem como todos os demais elementos juntos e a obter, relativos à investigação no âmbito do processo de inquérito (...) se encontram sujeitos a segredo de justiça".

Também Francisco Ferreira, da Zero, defende que deve ser respeitada a decisão judicial, considerando fundamental que se "averiguem as circunstâncias" do episódio de poluição no rio Tejo, para se perceber se houve ou não um acidente relacionado com a fábrica de celulose Celtejo, ou, acrescentou, se se tratou apenas de poluição acumulada.

"Seria importante que toda esta informação fosse pública para nós melhor percebermos o que se pode e deve decidir em relação à produção naquela zona", disse Francisco Ferreira, que considerou acertadas as decisões que o Ministério do Ambiente já tomou em relação à produção da empresa.

O ambientalista entende, no entanto, que os resultados das análises agora colocados em segredo de justiça "são importantes, mas não determinantes" para saber o que se passou no rio, defendendo que teria sido mais importante ter as amostras dos dias anteriores ao aparecimento da espuma junto ao açude de Abrantes.

Para acções e decisões futuras, o presidente da Zero entende que deve ser adoptado um "princípio de preocupação" e diz que não conhecer toda a informação não impede a tomada de algumas medidas preventivas de novos casos de poluição, admitindo que possam ser "afinadas no futuro".

A Procuradoria Geral da República (PGR) revelou, no dia 27 de Janeiro, que o Ministério Público instaurou um inquérito a empresas de Vila Velha de Ródão, na sequência de uma participação de crime de poluição apresentada pelo Ministério do Ambiente.

A abertura do inquérito surgiu na sequência dos recentes fenómenos de poluição detectados a 24 de Janeiro, junto à queda de água do açude insuflável de Abrantes.

No dia 31 de Janeiro, o presidente da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), Nuno Lacasta, revelou que a carga poluente que afectou o rio Tejo na zona de Abrantes, teve origem nas descargas da indústria da pasta de papel.

Descubra as
Edições do Dia
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui , para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana.
Boas leituras!
Artigos recomendados
As mais lidas
Exclusivo

Operação Influencer. Os segredos escondidos na pen 19

TextoCarlos Rodrigues Lima
FotosCarlos Rodrigues Lima
Portugal

Assim se fez (e desfez) o tribunal mais poderoso do País

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela
Portugal

O estranho caso da escuta, do bruxo Demba e do juiz vingativo

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela