Ou STEM ou não se tem

Há dias, num texto publicado na The Chronicle of Higher Education, os professores de Filosofia John Kaag e David O’Hara (em 2016, mencionar a palavra "filosofia" numa frase dá direito a levar uma gargalhada ou um estalo) escreviam sobre a civilização STEM. STEM é um acrónimo com menos de duas décadas que significa, traduzindo, "Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemáticas". Designa a cultura socioeconómica em que nos enfiámos, a ocidente e oriente – na estupidez, não é raro estar o mundo inteiro de acordo.

À custa de tanto progresso técnico, eficiência, competitividade e enriquecimento – de 0,1% da maralha, que isto não dá para todos –, as chamadas "Humanísticas" caíram na mais absoluta irrelevância educativa. Nas futuras universidades, a justiça, as ciências sociais e as artes serão tão anacrónicas como um pterodáctilo (e com muito menos capacidade de persuasão).

Como dizia há 25 séculos um grego chato - "grego chato" é uma redundância - chamado Aristóteles, "nem todas as discussões devem ter a precisão como objectivo". Outro eufemístico, Platão, mestre do primeiro, escreveu um livro inteiro (A República) a defender que o essencial não era dar respostas curtas, objectivas ou de escolha múltipla às perguntas importantes, mas sim defender até à morte a possibilidade de as fazermos. Mas se a riqueza e o poder são agora as únicas respostas, que liberdade temos para saber quais são as perguntas?

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