Sábado – Pense por si

Pedro Marta Santos
Pedro Marta Santos
25 de setembro de 2018 às 09:00

As mãos de Miller

As peças All My Sons e A Morte de um Caixeiro Viajante resumem o talento de Miller: puxar a tragédia das profundezas, manter os contornos míticos nas heras venenosas do subtexto, duplicar a lição de Ibsen, olhar para o sonho americano como quem olha para uma farsa e jamais recusar a ascese autobiográfica.

As mãos de arthur Miller (1915-2005) eram tão grandes e longas como a sua arte. A arte envelheceu mais devagar, mas as mãos lançaram-se ao trabalho durante a Grande Depressão, distribuindo pães em Brooklyn, para onde a família se mudara. O pai, judeu polaco, que fizera fortuna após chegar criança a Ellis Island com duas mãos atrás das costas, comeu o pão que o Diabo amassou depois do crash de 1929, e Arthur começou a escrever. Tentou o romance, mas o instinto era imediato, sem rarefacções, a clamar suor humano.

Para continuar a ler
Já tem conta? Faça login

Assinatura Digital SÁBADO GRÁTIS
durante 2 anos, para jovens dos 15 aos 18 anos.

Saber Mais

Férias no Alentejo

Trazemos-lhe um guia para aproveitar o melhor do Alentejo litoral. E ainda: um negócio fraudulento com vistos gold que envolveu 10 milhões de euros e uma entrevista ao filósofo José Gil.