Sábado – Pense por si

Pedro Marta Santos
Pedro Marta Santos
02 de julho de 2019 às 09:00

A maldição da beleza

A beleza ajudou a encerrar as mulheres em armadilhas de oiro maciço, içando-as até ao céu para melhor as emudecer. Quando a jaula era uma arma, essa arma depressa se virava contra a portadora. Mas o esforço necessário para sair do calaboiço permanece grande

Será a beleza a mais cruel das clausuras? Há algum tempo, reencontrei uma amiga. Aos 40, está mais bonita do que nunca, mas continua a passear a beleza como se essa fosse a sua única característica distintiva. É uma mulher inteligente, divertida, de grande mérito profissional. Porém, há uma vertigem, um autodeslumbramento, uma húbris que ela julga cegar os outros e a ofusca apenas a ela. Vive presa à insustentável leveza dos seus genes, como se a aparência fosse um direito divino e admirá-la, privilégio concedido aos terráqueos que partilham esse espaço. Na verdade, não chegamos a pisar o mesmo solo: ela levita numa perpétua passerelle; nós, os outros, limitamo-nos a assistir, dois palmos abaixo.

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