Esqueçam as eleições de domingo. O populismo e a inércia europeia sairão vencedores. Como dizem as crianças: “é bem feita”. Mais vale ganhar fôlego para 2015, gastando 24 dólares na compra de 'Capital in the Twenty-First Century', o melhor livrão do momento - são 696 páginas. Escrito por Thomas Piketty, expõe uma tese de que há muito se desconfiava: o capitalismo é um sistema que gera enormes desigualdades na distribuição da riqueza. Não se assustem. A desigualdade é um bom fim (embora não seja um bom princípio). E Piketty sabe tão bem como nós que, fora do papel timbrado em 1867, o marxismo é um conto infernal dos irmãos Grimm. A tese sugere que o sistema capitalista é fundamentalmente patrimonial, não meritocrático. Nos últimos 154 anos, contra o senso comum, incentivaram-se mais herdeiros do que visionários, e mais plutocratas do que empreendedores. Parece literatura de cordel? Leiam o homem. O cenário agudiza-se em ciclos de menor crescimento, ou de estagnação. Nos EUA e na Europa, aproximamo-nos agora de níveis de desigualdade equivalentes aos de finais do século XIX.

A cabana do pai Tomás

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