Sábado – Pense por si

João Pereira Coutinho
João Pereira Coutinho Politólogo, escritor
21 de outubro de 2017 às 13:00

Dicionário do Diabo

António Costa é um caso de honestidade no mundo sórdido da política: não contem com ele para nada e, se puderem, fujam

COSTA, ANTÓNIO – Os portugueses olhavam para o primeiro-ministro e esperavam que, depois da calamidade de Pedrógão Grande, o senhor tivesse posto ordem na casa. Descobrimos agora que não pôs: a ministra da Administração Interna e o secretário de Estado continuam impunemente e à solta; a Protecção Civil, que ele nomeou, continua intacta (em Portugal, uma licenciatura manhosa é mais grave do que 65 mortos); os alertas de calor extremo continuam a ser ignorados; e a luta aos fogos continua a regular-se por "fases" de calendário que não lembram ao diabo – ou, melhor dizendo, são um aliado do diabo: metade dos meios de combate já não estavam disponíveis porque é Outubro e não se fala mais disso. Como um vulgar burocrata, Costa promete estudar os relatórios, aplicar as suas recomendações, repensar a floresta e ter aulas de gramática para não horrorizar os nativos. No imediato, porém, confessa a sua incapacidade como governante e pede aos portugueses para terem paciência quando virem a casa a arder. Um caso de honestidade no mundo sórdido da política: não contem com ele para nada e, se puderem, fujam.

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