Tenho dois filhos de sexos diferentes, séculos diferentes e que vieram ao mundo em sítios distintos. Ele nasceu no século XX (1999) e inaugurou a caixa pulmonar na Maternidade Alfredo da Costa. A mãe era jovem, tinha fé nos homens e no sistema público de saúde e não queria armar-se em betinha. Assim sendo, foi acompanhada por um ginecologista particular mas na hora do aperto pôs as perninhas e o barrigão a caminho da Alfredo da Costa, para se entregar a um médico desconhecido. Quis o destino que o parto ocorresse em noite de Lua cheia, com dezenas de grávidas a dar voltas à maternidade, algumas já em aflição, porque não havia macas livres para as deitar. O rapazinho nasceu bem mas no meio de tal pandemónio (a mãe passou horas no corredor com o bebé, à espera de cama livre) que, à segunda, mudou de estratégia, e foi para um hospital privado.

O senhor morreu porque não há dinheiro, filho

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