Não estou a falar daquela desistência preguiçosa, daquilo que se abandona porque se tem medo de fazer o trabalho duro. Falo da desistência sábia, a que vem com a reflexão e com a consciência de que já não vale a pena gastar energia em algo que não vai dar em nada.
O MUNDO ESTÁ SEMPRE a berrar-nos aos ouvidos que os fracos é que desistem, e que os fortes são feitos da matéria que insiste, que não se deixa ficar. Não querem que desistamos nunca, não vá o mundo perder o sentido. Desistir tem má fama porque dá ares de falta de amor pelas coisas, de desonra. Quem olha de raspão pensa que persistir é uma palavra que tem uma força maior, que parece valer por muitas. É a força de quem quer que essa palavra os leve a algum lado, que não baixe os braços e os deixe desamparados sem saber para onde ir. Se desistimos, somos o quê? Desistir tem a reputação maltratada porque não fica bonita em frase nenhuma. Mas desistir pode ser o que nos salva. Desistir é muitas vezes uma questão de sabedoria, não de fraqueza. Não há honra em continuar a correr atrás de algo que não foi feito para ser nosso. Há uma liberdade imensa em aprender a dizer “não” àquilo que já não nos serve, como se limpassem um armário antigo para dar espaço a roupa nova. E não, não estou a falar daquela desistência preguiçosa, daquilo que se abandona porque se tem medo de fazer o trabalho duro. Falo da desistência sábia, a que vem com a reflexão e com a consciência de que já não vale a pena gastar energia em algo que não vai dar em nada. E, ao fazer isso, estamos a prometer a nós mesmos uma vida mais leve, mais honesta.
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