Não vejo os críticos da detenção de José Sócrates criticarem com igual vigor o "circo mediático" à porta da cadeia de Évora. Diariamente aparecem por lá duas ou três luminárias de visita ao prisioneiro 44, que entram relativamente mudas e saem relativamente aos berros contra a iniquidade da Justiça. Ou a exibir certezas de que o prisioneiro 44 é inocente. Ou a testemunhar o excelente "estado de espírito" do prisioneiro 44. Ou a tentar oferecer camisolas do Benfica e refeições do McDonald’s ao prisioneiro 44. E as televisões, excitadíssimas, concedem a tamanho folclore a honra (duvidosa, admito) de assunto de Telejornal, tratamento que por exemplo não dispensam aos hipotéticos prisioneiros 17, 38, 52 e 116. Ou aos milhares de inquilinos de nenhum outro presídio do País.