Após 22 anos, as hesitações sobre a eutanásia não desapareceram. Entretanto, porém, adquiri um hábito saudável. E não é andar de bicicleta: sempre que dou por mim cheio de dúvidas, procuro a opinião de gente iluminada
Depois de conquistados o aborto no SNS, o casamento entre pessoas do mesmo sexo, a adopção de crianças pelos casais atrás referidos, o pavilhão do Sporting e os patrocínios à mudança de género, julguei que a lista das causas "fracturantes" tinha chegado ao fim e podíamos descansar. Imperdoavelmente, esquecera-me da eutanásia. O esquecimento é mais grave na medida em que, nos idos de 1995, concluí a licenciatura com uma tese a propósito. Durante um ano inteirinho, não fiz outra coisa (salvo seja), a não ser estudar a "boa morte". Li o Philippe Ariès e o que me apareceu, realizei inquéritos, entrevistei médicos e cangalheiros, alinhavei dezenas de gráficos, escrevi duzentas páginas, dormi pouquíssimo. Resultado? Apurei que o assunto é demasiado complicado para caber em trabalhos imberbes. Comecei com poucas certezas, terminei sem nenhuma. Um autor outrora célebre dizia, repleto de razão, que a única questão filosófica é o suicídio. Mesmo se "assistido", arrisco acrescentar. Após 22 anos, as hesitações sobre a eutanásia não desapareceram. Entretanto, porém, adquiri um hábito saudável. E não é andar de bicicleta: sempre que dou por mim cheio de dúvidas, procuro a opinião de gente iluminada. Por regra, em matérias profundas corro em busca do conforto intelectual providenciado por um de três sábios, daqueles que, acima da espuma e do ruído dos dias, me garantem orientação espiritual: o rapaz do Querido, Mudei a Casa, o palhaço Companhia e a filha de Adriano Moreira. No caso em apreço, o decorador -guru recusou pronunciar-se. O Companhia mostrou-se incontactável. Restou, para me conduzir à Verdade, a menina Isabel.
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