Visto de Bruxelas, as duas últimas semanas confirmam uma tendência que já se vinha observando na Europa: a securitização de tudo. Ou seja, depois de um período em que os nossos adversários usaram interdependências como instrumentos geopolíticos – a chamada weaponisation –, a União Europeia está agora a responder de forma a fortalecer e proteger áreas fundamentais que vão da economia ao território. Parafraseando um dos discursos de Josep Borrell, ex-chefe da diplomacia europeia, uns meses depois do início da agressão russa à Ucrânia, "o tempo em que a UE delegava a segurança energética à Rússia, a prosperidade económica à China e a defesa militar aos EUA, acabou." A Bússola para Competitividade apresentada por von der Leyen a 29 de janeiro e o retiro informal de líderes sobre segurança e defesa organizado por Costa em Bruxelas esta semana são sinal disso mesmo.